“ Respeito a regra áurea: o problema de fundo é ser bom vizinho. O que quer dizer respeitar o que está na envolvente, o contexto. Retornámos aqui à lição de Mendelsohn, que se refere ao modo como nos posicionamos relativamente a qualquer coisa que existe, como se junta qualquer coisa. Foi isto que tentei fazer, no caso do edifício de que agora falamos, pondo-me o problema do relacionamento com a porta de Brandeburgo, tão imponente e maciça, dotada de um carácter forte e de uma específica dureza, que configura a Pariser Platz, procurando não diminuir nem tornar banal esta presença.” Frank. O. Gehry; "Construire su Pariser Platz; Casabella
Este foi um dos edifícios de que mais gostei em Berlim. Reli há pouco um artigo de Ghery sobre a sua relação com Berlim, com a cultura de Berlim, que engloba muita arquitectura e entendi claramente a sua perspectiva, que já tinha sentido perante o edifício na Pariser Platz. O entendimento da modernidade, da vivência da democracia na cidade, passa também pela manifestação de linguagens diversas, formuladas através da reflexão sobre o contexto e a história. O modo como Ghery, com uma nova regra interpreta a racionalidade da arquitectura neoclássica, expressa na porta de Brandeburgo, usando apenas pedra e vidro, é soberbo de contenção e rigor. O vidro inclinado perpetua o vazio, desenhando e transportando-nos do envasamento para a capitel numa ilusão de leitura clássica, sem o ser, contudo. Acima dele, do ilusório capitel não existe arquitrave, friso e cornija, existe apenas o vazio do céu. Tudo isto feito construção, pela subtileza da massa material da pedra reinterpretada pelo movimento do vidro e pela sua transparência. Transparência quente, por reflexo da luz interior emoldurada de madeira, que se reflecte no exterior, fazendo-nos rodar a cabeça, para a comparar com as passagens por entre as colunas da Porta de Brandeburgo.
Este foi um dos edifícios de que mais gostei em Berlim. Reli há pouco um artigo de Ghery sobre a sua relação com Berlim, com a cultura de Berlim, que engloba muita arquitectura e entendi claramente a sua perspectiva, que já tinha sentido perante o edifício na Pariser Platz. O entendimento da modernidade, da vivência da democracia na cidade, passa também pela manifestação de linguagens diversas, formuladas através da reflexão sobre o contexto e a história. O modo como Ghery, com uma nova regra interpreta a racionalidade da arquitectura neoclássica, expressa na porta de Brandeburgo, usando apenas pedra e vidro, é soberbo de contenção e rigor. O vidro inclinado perpetua o vazio, desenhando e transportando-nos do envasamento para a capitel numa ilusão de leitura clássica, sem o ser, contudo. Acima dele, do ilusório capitel não existe arquitrave, friso e cornija, existe apenas o vazio do céu. Tudo isto feito construção, pela subtileza da massa material da pedra reinterpretada pelo movimento do vidro e pela sua transparência. Transparência quente, por reflexo da luz interior emoldurada de madeira, que se reflecte no exterior, fazendo-nos rodar a cabeça, para a comparar com as passagens por entre as colunas da Porta de Brandeburgo.
Uma obra arquitectónica assente na terra, que nos faz subir o olhar, sem nos deixar esquecer a perenidade de qualquer obra humana.
3 comments:
...fazer viagens - ser feito pelas viagens...
[por todas as combinações de lugares]
...por que é tão rara esta política (prática, postura...)de boa vizinhaça ? Porque "parece" ser tão difícil este humilde rigor de ler e reconhecer e escrever sem "rasgar a folha" ?
Terias outro bom exemplo no "bon jour tristesse...", se o quisesses escrever...
Falta tantas vezes a capacidade de "desenhar a evidência"(ASV) ...mas talvez esteja aí a mestria !
Aceito o desafio de escrever sobre o "Bon Jour Tristesse" porque Siza sempre me emociona e Siza em Berlim foi ao domingo de manhã...calmo e frio, como um bom domingo de manhã no Outono tardio em pleno centro da europa. Europa, geograficamente delimitada pela existência de cafés e pelas distâncias medidas pelos nossos passos, como diz George Steiner.
Post a Comment