Sunday, January 14, 2007

As bandeiras dos nossos pais - Clint Eastwood



Fomos ontem, sem a Joana, ver o filme. Saímos os três com ar de quem queria mais. Talvez faltem “As Cartas de Iwo Jima”. No entanto durante mais de duas horas conversamos sobre o filme. Para mim, que não sou grande conhecedora de história, sobretudo se comparada com os meus dois companheiros de filme e de conversa, foi interessante ver outros lados da guerra, assentes sobre o equívoco e a mentira.

Apenas duas ideias:

- A guerra vista do lado do negócio, como monstro sorvedor de dinheiro, muito dinheiro. A construção do herói a partir de um logro. A utilização do logro e do herói para angariar fundos. As famílias que dão os homens para a morte também dão o dinheiro para os matar.

Mas os homens são bem mais interessantes do que os heróis. Ou melhor, como diz o filme, não há heróis, há homens.

- Pela primeira vez num filme de guerra vi claramente que os homens que a fazem são miúdos. Usualmente os actores consagrados dos outros filmes roubam-nos essa ideia de juventude assustada e perdida que se vê na guerra sem saber como. Neste filme é assim mesmo. Olho aqueles actores e vejo meninos.

Sob ponto de vista da imagem é espectacularmente cinzento e imenso.

E agora esta deliciosa transcrição da entrevista de Clint Eastwood publicada no Expresso da semana passada: “Tenho um amigo que tem mais ou menos a mesma idade que eu e que me disse há dias: “ Sabes qual é a grande vantagem de um gajo já ter passado dos 70?” Eu, naturalmente, fiquei um bocado perdido, porque não me estava a ocorrer nada de positivo. “ O que nos podem fazer se não nos portarmos bem?” Talvez seja isso.”

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