As palavras oprimem-me, às vezes. As minhas palavras oprimem-me. Na minha boca tornam-se fantasmas que crescem, repetem-se sem eu querer, são estribilhos ou cordas que me apertam. No meio de um discurso, saem-me soltas, sem que ninguém as oiça - apenas eu- para me fixarem num tempo passado que me faz esquecer, plissar, atrapalhar as ideias que pressigo na ânsia de me expressar. Por isso, também gosto de ler e gosto de escrever. Quando leio, as palavras dos outros coincidem comigo, aproximam-se e afastam-se, leio-me e leio outros. Quando escrevo uso as palavras dos outros, aproximo-as e afasto-as, releio, corrijo, escrevo, aproximo e afasto. Às vezes as minhas palavras, levam-me mais longe do que o meu pensamento e soltam-se em formas inconformáveis pelo papel. Mas não as ouço e não me ouço. A falar as palavras são meios, a escrever as palavras, para mim, são fins.
Thursday, May 31, 2007
as palavras
As palavras oprimem-me, às vezes. As minhas palavras oprimem-me. Na minha boca tornam-se fantasmas que crescem, repetem-se sem eu querer, são estribilhos ou cordas que me apertam. No meio de um discurso, saem-me soltas, sem que ninguém as oiça - apenas eu- para me fixarem num tempo passado que me faz esquecer, plissar, atrapalhar as ideias que pressigo na ânsia de me expressar. Por isso, também gosto de ler e gosto de escrever. Quando leio, as palavras dos outros coincidem comigo, aproximam-se e afastam-se, leio-me e leio outros. Quando escrevo uso as palavras dos outros, aproximo-as e afasto-as, releio, corrijo, escrevo, aproximo e afasto. Às vezes as minhas palavras, levam-me mais longe do que o meu pensamento e soltam-se em formas inconformáveis pelo papel. Mas não as ouço e não me ouço. A falar as palavras são meios, a escrever as palavras, para mim, são fins.
Tuesday, May 29, 2007
Monday, May 28, 2007
Sunday, May 27, 2007
Jazz com Brancas e Domingos de manhã.
Stanley Jordan
No Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso, no autidório da Artave, nas Caldas da Saúde em Areias. O festival vai continuar, não percebo bem como depois deste concerto.
Saturday, May 26, 2007
SMS
Friday, May 25, 2007
a espuma dos dias
Tuesday, May 22, 2007
Sunday, May 20, 2007
o limbo
Reflicto a partir da conversa que ouvi em “Um certo olhar”, sobre o limbo. Diz a igreja que o limbo acabou, não existe, ou nunca existiu. Mas como pode acabar um lugar que durante séculos “existiu”? Apaga-se da nossa história? Mas se ele também a moldou!
Ainda, como referia Vicente Jorge Silva, que não é católico, o limbo é um lugar poético, de suspensão. O limbo existe como lugar poético, um não-lugar suspenso no tempo e no espaço. Inês Pedrosa que não gosta da palavra limbo inventa em “Fazes-me Falta” o noante. Um lugar onde a personagem depois de morta, se mantém suspensa para “arrumar” alguns sentimentos humanos.
Mesmo que a igreja decrete que o limbo acabou, à boa maneira autocrática e dogmática, o limbo não se apaga da história e esse noante não deixará de povoar o nosso imaginário… para desespero da igreja, que por mais pecados e mandamentos que tenha, não consegue penetrar no nosso sonho.
Six Feet Under, Nobody Sleeps (temporada 3; episódio 4)
E se quiserem podem vê-los todos, como eu, online, aqui.
Saturday, May 19, 2007
preciso do livro
Thursday, May 17, 2007
Chove (2)
Chove
Tuesday, May 15, 2007
o nosso tempo
No tempo em que eu tinha a idade do Pedro, não quero dizer no meu tempo, porque o meu tempo é este, a educação de um jovem adolescente, a minha educação, baseava-se na dualidade corpo e espírito ( alma). O corpo era um veículo para um espírito puro. O corpo não podia sentir, não podia desejar, porque o prazer e o desejo estavam reservados para um local físico e temporal exacto, balizado por um contrato para a vida – o casamento. Os meus olhos, de rapariga tinham que irradiar a pureza capaz de aplacar o desejo dos rapazes, porque a eles sempre era dado demonstrarem desejo ainda que não o devessem consumar, pelo menos connosco. Nós, as raparigas devíamos, ser amigas, boas conselheiras, poços de virtude. Por isso sentia a minha consciência pesada, sentia-me mal, quando, com a idade dele, nos bailes de garagem, às escuras e embalada pelos famosos slows sentia o corpo ceder ao calor de outro corpo.
Hoje, quando ele me fala tão naturalmente do corpo (até ele se estranha como é que fala disso com a mãe) o mundo é outro. Ele dá-me a volta. Eu digo: Tem cuidado. Ele responde: Não te preocupes, já sabes que eu tenho bom gosto. Eu digo: Não é isso que interessa, tanto me faz que seja bonita ou feia. Ele responde desconcertando-me em forma de pergunta: E se eu namorasse com uma “burra”?
Concluo que continuo a separar o corpo de espírito.
Monday, May 14, 2007
liriodendro
Sunday, May 13, 2007
mais suspiros
Saturday, May 12, 2007
Friday, May 11, 2007
Thursday, May 10, 2007
Bolha
Wednesday, May 09, 2007
Parabéns
Hoje também faz anos Keith Jarret! Magnífica coincidência.
Tuesday, May 08, 2007
Snooker e o jogador
Monday, May 07, 2007
Saturday, May 05, 2007
Ute Lemper
Explico-me:
- Não se pode ver um espectáculo de cabaret na Casa da Música. Por mais que Ute Lemper tente reproduzir o ambiente, é tudo teatro. Não há envolvimento, soa a falso.
- Não gostei do conteúdo: uma salgalhada – Kurt Weil, Edit Piaf, Jacques Brel, Leo Ferré, pop de Berlim dos anos 80, Lili Marleen,…tudo cosido por uns apartes, ditos por ela num inglês mal dito, à alemã ( e o francês ainda era pior);
- Os músicos que acompanhavam eram “quadrados” e completamente fora de contexto no que se refere ao aspecto físico e comportamento: um de sapatos de atacador e fato, outro de tshirt, outro parecia um gorila musculado, o outro, um músico de flamengo.
Ela, já sabemos que canta bem, profissionalmente, mas sem alma. Tem uns braços espantosos, longos e expressivos. Soube-me a artista de circo em fim de carreira.
Tive saudades da Laurie Andersen – uma verdadeira senhora, bicho de palco e sempre a surpreender-nos.
No fim o Pedro quase me fez passar vergonhas porque dizia alto "Margarida Rebelo Pinto, Margarida Rebelo Pinto..."
Ute Lemper foi-me essencial para perceber que não gosto de tudo o que me dão, ainda que venha com o selo de qualidade.
Thursday, May 03, 2007
Wednesday, May 02, 2007
Dia do trabalhador
Tuesday, May 01, 2007
os nomes
Quando leio não fixo a sonoridade dos nomes e por isso não consigo reproduzi-los. Fixo apenas um conjunto ordenado de símbolos que identificam um personagem. Às vezes fixo os nomes porque eles têm um significado: quando o autor dá um significado ao nome que tem a ver com a caracterização da personagem.