Reflicto a partir da conversa que ouvi em “Um certo olhar”, sobre o limbo. Diz a igreja que o limbo acabou, não existe, ou nunca existiu. Mas como pode acabar um lugar que durante séculos “existiu”? Apaga-se da nossa história? Mas se ele também a moldou!
Ainda, como referia Vicente Jorge Silva, que não é católico, o limbo é um lugar poético, de suspensão. O limbo existe como lugar poético, um não-lugar suspenso no tempo e no espaço. Inês Pedrosa que não gosta da palavra limbo inventa em “Fazes-me Falta” o noante. Um lugar onde a personagem depois de morta, se mantém suspensa para “arrumar” alguns sentimentos humanos.
Mesmo que a igreja decrete que o limbo acabou, à boa maneira autocrática e dogmática, o limbo não se apaga da história e esse noante não deixará de povoar o nosso imaginário… para desespero da igreja, que por mais pecados e mandamentos que tenha, não consegue penetrar no nosso sonho.
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