Sunday, May 20, 2007

o limbo

Reflicto a partir da conversa que ouvi em “Um certo olhar”, sobre o limbo. Diz a igreja que o limbo acabou, não existe, ou nunca existiu. Mas como pode acabar um lugar que durante séculos “existiu”? Apaga-se da nossa história? Mas se ele também a moldou!

Ainda, como referia Vicente Jorge Silva, que não é católico, o limbo é um lugar poético, de suspensão. O limbo existe como lugar poético, um não-lugar suspenso no tempo e no espaço. Inês Pedrosa que não gosta da palavra limbo inventa em “Fazes-me Falta” o noante. Um lugar onde a personagem depois de morta, se mantém suspensa para “arrumar” alguns sentimentos humanos.

Mesmo que a igreja decrete que o limbo acabou, à boa maneira autocrática e dogmática, o limbo não se apaga da história e esse noante não deixará de povoar o nosso imaginário… para desespero da igreja, que por mais pecados e mandamentos que tenha, não consegue penetrar no nosso sonho.

Qualquer dia dir-nos-ão que não há céu nem inferno, que não há paraíso. Mas será que nós não o sabemos há muito? A fé não é contrária ao dogma?

No comments: