A limitação da comunicabilidade, imposta por regras morais e sociais, reduz a nossa liberdade, limitando a profundidade das relações. Quando fantasiamos comportamentos, construímos histórias, fazemos discursos, que não podemos (pelas tais regras sociais), ou não conseguimos (pelas morais que nos impomos) materializar, ficamos evidentemente insatisfeitos. Neste caso se estamos presentes num quadro real, no qual nos projectamos com um papel diferente daquele que conseguimos realizar, a decepção é maior.
A presença de outro ou de outros, torna-se mais dolorosa, porque se é obrigado a ignorar aquilo que não é ignorável – a vontade intensa de construir aquela história.
É mais fácil, não sei se mais saudável, ter fisicamente afastado o objecto do nosso interesse ou o cenário da nossa história. Assim a nossa imaginação é livre e a confrontação, violenta e presencial, com a impossibilidade não existe, deixando por isso espaço à imaginação para ver apenas o rosto do outro, que eu próprio construo.
Até que ponto esta atitude não se traduz em comportamentos patológicos, em a que realidade se confunde com o sonho, passando o mundo a ser uma ficção? Ou é possível manter um saudável equilíbrio entre sonho e real, que permita dar espaço ao outro diferente da nossa criação, sem perder o sabor dessa nossa criação?
Apesar das dúvidas julgo que ser adulto é perceber este jogo e jogá-lo, constituindo deste modo a almofada para as nossas desilusões quotidianas. Sonhar de olhos abertos e como dizia Walter Beijamin, “nunca contar os sonhos antes de tomar o pequeno-almoço”. Adaptando: partilhar com parcimónia a nossa vida real inventada.
A presença de outro ou de outros, torna-se mais dolorosa, porque se é obrigado a ignorar aquilo que não é ignorável – a vontade intensa de construir aquela história.
É mais fácil, não sei se mais saudável, ter fisicamente afastado o objecto do nosso interesse ou o cenário da nossa história. Assim a nossa imaginação é livre e a confrontação, violenta e presencial, com a impossibilidade não existe, deixando por isso espaço à imaginação para ver apenas o rosto do outro, que eu próprio construo.
Até que ponto esta atitude não se traduz em comportamentos patológicos, em a que realidade se confunde com o sonho, passando o mundo a ser uma ficção? Ou é possível manter um saudável equilíbrio entre sonho e real, que permita dar espaço ao outro diferente da nossa criação, sem perder o sabor dessa nossa criação?
Apesar das dúvidas julgo que ser adulto é perceber este jogo e jogá-lo, constituindo deste modo a almofada para as nossas desilusões quotidianas. Sonhar de olhos abertos e como dizia Walter Beijamin, “nunca contar os sonhos antes de tomar o pequeno-almoço”. Adaptando: partilhar com parcimónia a nossa vida real inventada.
2 comments:
... mas sobretudo... vivê-la.
( a formulação é fantástica... e merece outros comentários... que se devem ponderar...)
O risco é de o imaginário ser tão forte, que recusamos o real. Embora esta teoria pressuponha que na nossa cabeça existe uma clara separação entre um e o outro lado, o que se vive no imaginário é às vezes tão real que o transportamos para a vida real como verdade e esta já não pode existir sem eles.
Deste modo o corte com as outras pessoas e a demissão de agir torna-se uma atitude, o isolamento atrai ou é a única saída, o lugar de encontro está sempre fora dele.
E …” naufragar é doce neste mar”.
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