Um bom conselho. Um escritor nasce no momento em que a sua verdadeira voz de autoridade se funde em fogo vivo com o tema que ele nasceu para contar. A literatura retira-se e o que resta é a crónica da vida – a vida crua, que pulsa: “ Um escarro na cara da Arte”.
A verdade é esta: cada geração, cada escritor, tem de redescobrir a natureza. As convenções literárias tendem a esclerosar-se com o tempo, e o que antes era novo já é velho. Só a coragem de uma voz nova pode redescobrir a vida real enterrada sobre décadas de pó literário.”
Erica Yong, Maio de 1991, in Abetura de “Crazy Coock” de Henry Miller, Colecção Nova Ficção; Puma Editora
Erica Yong reflecte sobre a impossibilidade de ser artista na América. América que rejeita os sonhadores e onde a pobreza “é uma ofensa moral, uma infâmia que a sociedade não pode perdoar”, atitude que segundo ela se funda no “puritanismo e na puritana suposição de que sonhar e imaginar são actividades suspeitas”. Ao contrário a Europa, no caso concrecto a França, a condição de artista e de escritor pode viver-se de cabeça erguida. “ Em Paris era ponto assente (ainda hoje o é) que um escritor precisa de tempo, de viver sem pressas, precisa de conversar, de solidão, de estímulo”.