Desculpem a intimidade. Desculpem o desafio. Desculpem a provocação.
Hoje teria muito, muito para desenrolar neste blog, ou noutros lugares. A Joana está em casa e regressamos aos nossos maravilhosos jantares.
Vou falar sobre o gineceu. O lugar específico das mulheres: este ninho e este conforto de encostar a face e sentir cetim quente. De poder roçar os lábios sem sentir desejo, nada que importune a doçura de gostar. A sociedade está mal organizada, ou, este não é o modo melhor de a organizar. O meu sonho sempre foi uma casa de mulheres. De cuidadoras, de trabalhadoras, de pensadoras, de independência e de respeito. E isso consegue-se muito melhor entre pessoas do mesmo sexo ( desculpem!) ou então, entre as quais as orientações sexuais são idênticas. Adoramos os homens, desejamos os homens, gostamos de conversar sobre eles, sobre o corpo deles, sobre aquilo que nele nos provoca, mas… nunca pode existir um lugar doce, gratificante e reconfortante como este: o gineceu. Eles que venham de vez em quando, inquietar este mundo, reconstruir matéria, geradora da energia que conforta este lar. Que venham muitas vezes, mas que partam, sempre, para que vivamos integras a nossa intimidade.
Hoje teria muito, muito para desenrolar neste blog, ou noutros lugares. A Joana está em casa e regressamos aos nossos maravilhosos jantares.
Vou falar sobre o gineceu. O lugar específico das mulheres: este ninho e este conforto de encostar a face e sentir cetim quente. De poder roçar os lábios sem sentir desejo, nada que importune a doçura de gostar. A sociedade está mal organizada, ou, este não é o modo melhor de a organizar. O meu sonho sempre foi uma casa de mulheres. De cuidadoras, de trabalhadoras, de pensadoras, de independência e de respeito. E isso consegue-se muito melhor entre pessoas do mesmo sexo ( desculpem!) ou então, entre as quais as orientações sexuais são idênticas. Adoramos os homens, desejamos os homens, gostamos de conversar sobre eles, sobre o corpo deles, sobre aquilo que nele nos provoca, mas… nunca pode existir um lugar doce, gratificante e reconfortante como este: o gineceu. Eles que venham de vez em quando, inquietar este mundo, reconstruir matéria, geradora da energia que conforta este lar. Que venham muitas vezes, mas que partam, sempre, para que vivamos integras a nossa intimidade.
A Joana apaixonou-se por um CD, discorrerá sobre ele neste blog. Desafio um homem a senti-lo como nós. Se o sentir, todo o meu discurso sobre o gineceu vai por água abaixo!
Nota: Os homens cá de casa estão: um a milhares de quilómetros e outro de fones nos ouvidos a ver o Telecine Premium.
5 comments:
até tenho vergonha, ó maria!
já sei a quem saí na doideira. tenho que dizer ao homem que me visita de vez em quando! ;)
Há músicas k m fazem sentir um arrepio constante, como um orgasmo assexuado, como uma explusão interior de sensibilidade. Quando esse arrepio tem sexo, ou apela a ele, então eu não sinto essa música como uma mulher, pois os órgãos são outros.
Arrisquei.
Transcrevo:
(...) E o sexo e a escrita não serão dois nomes da mesma acção?
Se eu procurar abrir caminho a um texto que não represente (e por isso mesmo, antes de mais, diga) que sexo estarei dizendo?
"Abrirei caminho a um, cuja fonte não seja nem a agressão nem a impostura".
Há em mim uma mulher que tem sexo, e outra que não tem.
" Peut être s'agit-il en effet de deux types de pensée réunis par la nostalgie"
Pergunto eu: Cada um, homem ou mulher, total e indissolúvel, homem e mulher?
No dia do teu post “ Gineceu” queria ter colocado …
Poesia:
Ó véspera do prodígio!
Inéditos de Natália Correia
IV
“Creio nos anjos que andam pelo mundo,
Creio na Deusa com olhos de diamantes,
Creio em amores lunares com piano ao fundo,
Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,
Creio num engenho que falta mais fecundo
De harmonizar as partes dissonantes,
Creio que tudo é eterno num segundo,
Creio num céu futuro que houve dantes,
Creio nos deuses de um astral mais puro,
Na flor humilde que se encosta ao muro,
Creio na carne que enfeitiça o além,
Creio no incrível, nas coisas assombrosas,
Na ocupação do mundo pelas rosas,
Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen”
… mas acabei por não poder, por pudor, perante a magnitude da tua “provocação”! Bem a percebi, creio! Mas, ainda assim, acabei por não me mostrar. Mas até para que não sintas que o eco é pouco, aqui fica o poema, fazendo notar que a última palavra que o constitui é, pelo teor, a ironia que o desfaz perante a própria cosmogonia que antes elaborou. «Amem» é a confirmação perante o deus vácuo que ela conhecia, ou uma sugestão provocante deixada pela conjugação acentuada do verbo Amar? E sabemos como Natália Correia era assombrosamente (elegante) excessiva na composição do mundo, sobretudo daqueles que não temiam a sua feminina demasia!
S
Hoje eu. tudo faz sentido. diferente depois do ontem. Mergulho na vertigem das águas negras que me compõem. Também. rumo à limpidez da matéria intemporal - poeira de estrelas.
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