A paisagem constitui uma realidade dinâmica: “(…)os usos alteram-se, assim como as relações dos habitantes e dos visitantes com os territórios. É fundamental saber incorporar as mudanças, mantendo ou reforçando os valores de identidade, de memória e de uso.(…) PNPOT – Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território
O entendimento da paisagem, para além do postal que guardamos na nossa memória, é um desafio. Olhamos para o que nos envolve com a nostalgia do paraíso perdido, tentando manter a todo o custo, ainda que só na nossa memória, retratos da infância, da adolescência ou de outros tempos marcantes da nossa vida. Tentamos guardar retratos. Mas a paisagem é dinâmica e não é independente dos usos. Um campo de milho só faz paisagem, como campo de milho, se ele lá estiver semeado – se alguém semear, cultivar e colher. O campo é castanho, passa a castanho ponteado de verde, nas tais riscas paralelas que correspondem aos regos da sementeira, passa a verde-claro, verde-escuro, ondeando com o vento e a amarelo, de restolho seco. Se se mantiver o espaço livre de ocupação, mas não se semear o milho, nunca poderemos observar a sua transformação correspondente ao ciclo anual das sementeiras e colheitas. Um campo de milho é diferente duma vinha, de um pomar de macieiras, um souto de castanheiros, um monte alentejano. Mas todos eles estão associados a usos que, se se perderem, implicam uma descaracterização ou uma nova caracterização da paisagem.
Este é o desafio, saber olhar a paisagem, perceber o que a caracteriza, o valor que a sua configuração tem na nossa identidade e conservá-la quando for significante conservar os usos que a sustentam.
Quem conhece Santo Tirso, pode perceber muito bem esta dinâmica quando olha para o início da encosta que cresce até à Nossa Senhora da Assunção. Pode, ao longo do ano, observar as transformações da Quinta da Varziela, onde uma casa cinzenta da autoria de João Andersen, se integra pela dissonância da modernidade.
O entendimento da paisagem, para além do postal que guardamos na nossa memória, é um desafio. Olhamos para o que nos envolve com a nostalgia do paraíso perdido, tentando manter a todo o custo, ainda que só na nossa memória, retratos da infância, da adolescência ou de outros tempos marcantes da nossa vida. Tentamos guardar retratos. Mas a paisagem é dinâmica e não é independente dos usos. Um campo de milho só faz paisagem, como campo de milho, se ele lá estiver semeado – se alguém semear, cultivar e colher. O campo é castanho, passa a castanho ponteado de verde, nas tais riscas paralelas que correspondem aos regos da sementeira, passa a verde-claro, verde-escuro, ondeando com o vento e a amarelo, de restolho seco. Se se mantiver o espaço livre de ocupação, mas não se semear o milho, nunca poderemos observar a sua transformação correspondente ao ciclo anual das sementeiras e colheitas. Um campo de milho é diferente duma vinha, de um pomar de macieiras, um souto de castanheiros, um monte alentejano. Mas todos eles estão associados a usos que, se se perderem, implicam uma descaracterização ou uma nova caracterização da paisagem.
Este é o desafio, saber olhar a paisagem, perceber o que a caracteriza, o valor que a sua configuração tem na nossa identidade e conservá-la quando for significante conservar os usos que a sustentam.
Quem conhece Santo Tirso, pode perceber muito bem esta dinâmica quando olha para o início da encosta que cresce até à Nossa Senhora da Assunção. Pode, ao longo do ano, observar as transformações da Quinta da Varziela, onde uma casa cinzenta da autoria de João Andersen, se integra pela dissonância da modernidade.
2 comments:
Há paisagens que acabam por invadir a fronteira do nosso proprio corpo. As mais raras. Lugares de uma hipotese plenamente desconhecida?
P
Very nice site! »
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