Os segundos andamentos. São sempre, ou quase sempre, estes que me tocam mais. Por serem mais lentos, introspectivos, nostálgicos, talvez.
Estávamos sentados no pátio a conversar sobre a vida. Também de trabalho, o nosso trabalho feito vida. Paixão, tensão, reconhecimento, compensação. Todos os dias uma luta. Sempre a necessidade de não perder de vista os objectivos, de estabelecer uma fasquia, um limiar de conduta. São tantas as vezes que me vem à memória uma crónica do Pitum no Jornal dos Arquitectos, que só uma vez li, mas que me sustenta, na qual o “arquitecto municipal” acaba dobrado e disforme, por falta de coluna vertebral, tantas foram as cedências que fez ao poder ou aos poderes. Gostaria de a recuperar para a colocar nalgumas das salas de trabalho dos meus companheiros e na minha. É difícil este equilíbrio. É difícil para quem gosta de fazer e de ver feito. Para quem quando olha as imagens que nos cercam, as atitudes das pessoas, quando ouve os sons que nos envolvem, quando percebe as modas e os estilos dominantes, entende que o seu próprio mundo é muito limitado (aqui empregue enquanto quantidade e extensão). É limitado, mas existe, num pátio ao princípio da noite, com um filho de fones nos ouvidos a jogar um jogo sobre a II grande guerra, uma filha quente no seu mundo, longe fisicamente, um companheiro de palavra e de vida... e o segundo andamento do Concerto n.º2 para piano de Rackmanifof por fundo. Recomendo-o vivamente.
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3 comments:
...iremos procura-lo.Obrigado!
O concerto ou o artigo? Se for o artigo digam-me onde encontrá-lo porque ou perdi-lhe o rasto. Se for o concerto, acho bem e tenho-o interpretado por Vladimir Ashkenazy com a Concertgebouw Orchestra dirigida por Bernard Haitink. Aviso que é romântico, muito romântico...como eu.
...o concerto...
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