Thursday, November 30, 2006
Wednesday, November 29, 2006
esta manhã
A sua vivacidade amainou a minha intolerância e construiu o discurso coincidente, sem precisar de mais, apenas deixando-me levar.
Tuesday, November 28, 2006
o lado sexista
Mas se tal é verdade, o que me custa a admitir, então o caminho será o seguido por estas duas mulheres, amando-se integralmente até à morte, deixando sobrevir o luto e a saudade não dos tempos idos, da memória do que fomos, mas daquilo que hoje e em qualquer idade somos. Sempre belas enquanto integrais.
Monday, November 27, 2006
sem título, apenas porque não o encontro
Não quero comentar pelo lado sexista da questão. Nem quero comentar para me auto-consolar com a passagem dos anos.Mas porque é que só chegamos lá, pelos quarenta? E porque é que as marcas da idade no corpo nos tornam menos interessantes (tanto a homens como a mulheres)?
A dificuldade em lidar com a passagem do tempo é sem dúvida uma das principais características da sociedade actual. Pelos quarenta, tudo se ganha ou tudo se perde. A vida ganha a luminosidade da auto-confiança ou entra na obscuridade do medo da decadência. Não ouvimos muitas vezes “ Depois dos trinta e cinco é sempre a cair.”? Por isso tenho necessidade de repetir muitas vezes aos mais novos, aquilo que para mim é um dado completamente adquirido e um lugar comum: a experiência de vida, vivida com paixão e reflexão, transforma as pessoas e torna-as seres cada vez mais encantadores e bonitos. Recuso o eufemismo daqueles que vendo um velho dizem “o que interessa é a beleza interior”. Um velho, uma velha são também bonitos, aprendamos a vê-lo. Felizmente verifico que transmito qualquer coisa e gosto de ver J. guardar carinhosamente, como algo de muito precioso e belo, uma fotografia de Pina Bausch. Ou de ver P. abraçar carinhosamente a avó, dizendo que ela é tão bonita como a Jane Fonda.
Trabalhemos para isso.
Saturday, November 25, 2006
Friday, November 24, 2006
rendo-me às novas tecnologias
Feliz coincidência: ontem à noite perdi-me da net a fazer as compras on line. Passe a publicidade, fui primeiro ao Jumbo, que é o hipermercado mais próximo da minha casa. Não me entendi. Registei-me, mas quando cheguei a “vias de facto” tinha que escrever nome a nome os produtos que queria e desisti. Sei lá o nome dos produtos que compro! Conheço-os pela forma e pela cor e escolho-os pela composição e pelo preço. Experimentei o Continente. Perdi uma hora e pouco, mas era a primeira vez. Fiquei excitada, contei a toda a gente e hoje…
Chovia torrencialmente como sabem. Atravessei a tempestade e entrei em casa às dezassete horas. Fechei as portas e deambulei em tarefas domésticas. Os filhos fizeram-me companhia à distância. Aquela distância do conforto sem intromissão. As compras chegariam entre as 18.30 e as 20.30h. Estava na expectativa. Às 20.25h tocaram à campainha. Abri a porta e vi uma carrinha do Continente, com um homem exausto, sobrevivente à chuva e ao vento, com os sacos das “minhas” compras. O peixe arranjado. A fruta bem escolhida. A máquina do Multibanco na mão.
Thursday, November 23, 2006
Recursos humanos
Wednesday, November 22, 2006
o desenho
Agora o desafio é romper a representação para deixar sobrevir a alma, quero ver… .Porque agora sei que este é o caminho certo para, a partir de dentro, perceber o que está fora e oferecer ao mundo um belo pedaço de outra “realidade”.
Tuesday, November 21, 2006
Caminho para o Comboio
Tuesday, November 14, 2006
O tempo vertical da Beleza
Conta-mina
Estava muito suspensa, muito expectante e fiquei em estado de choque. Não me apetece ler, não me apetece trabalhar, não me apetece ouvir música…há ainda um espaço ocupado na minha vida que não pode ser preenchido por mais nada a não ser pelo silêncio e pelo olhar brilhante de quem lá esteve… ou pela intuição de quem não esteve mas sabe. Conta-mina.
Keith Jarrett, Jack DeJohnette, Gary Peacock, CCB, 13 de Novembro
Sunday, November 12, 2006
A banalização mata o desejo
Saber incorporar como parte da construção do nosso eu a recusa, integrar o não, perceber o tempo, é um modo de viver distante da cultura ocidental. Por isso bebemos avidamente a orientalidade, ainda que percebida com os nossos ocidentais olhos.
assimilação
Nunca mais esqueci este conceito, que me acompanha e relembro desdobrando-o em conselhos que orientam o meu dia-a-dia.
Adapto-o a circunstâncias que nada tem a ver com o princípio. Vamos ver se me consigo explicar. Andamos sempre à nossa procura. Aquilo que os outros vêem de nós, também somos nós, embora não seja a ideia que de nós fazemos. Somos sempre diferentes a cada instante para nós e para os outros. O importante, para a nossa a estabilidade é que estas relações sejam de um equilíbrio instável. Por isso penso que mais importante do que o que os outros pensam de mim é que eu pense que eles pensam bem – que sou amada. Ainda que seja apenas uma ideia minha. Por isso a minha felicidade não depende da verdade. Verdade- conceito estéril e redutor. Depende antes da verdade que ficciono e do modo como a assimilo – a incorporo como minha. Por isso os sentimentos que nutro por outros são apenas meus. Concedem-me paz e bem-estar porque eu sinto que para mim é muito bom gostar, independentemente daquilo que o outro lado pensa, ou sente. Posso construir uma imensa plenitude, vista do meu lado, ainda que do outro assim não seja, pelo menos não é certamente como do meu. E voltando a uma ideia já aqui explorada, ainda bem que não se medem sentimentos, porque senão teríamos uma tirania na medição do gostar. Poderia dizer objectivamente, eu gosto mais do que tu, por isso quero retorno, senão sofro, ou por isso estou primeiro.
Mas não, eu gosto à minha maneira e tu à tua, vocês à vossa. A única medida que tenho é a do conforto e do gosto que me dá sentir um olhar quente, um toque, uma palavra, mais longe um silêncio povoado…
Assimilar, incorporar o gosto dos outros na nossa vida, ainda que seja apenas a nossa maneira especial de o entendermos…
Friday, November 10, 2006
alma de poeta
Durrell, Lawrence; Quarteto de Alexandria; Volume 2 “Baltasar”; Ulisseia; 1991
Tuesday, November 07, 2006
Vá lá...
Há noite chego a casa e procuro no conta-mina momentos de descontracção. Fico desiludida quando abro o site e tudo está na mesma. Aqui, preciso de retorno, quanto mais não seja para sentir que este espaço continua a ser um espaço povoado. Porém, no dia a dia recolho palavras, sorrisos, cumplicidades, que vêm daqui – do conta-mina. É bom. É sinal de que passam por cá, ainda que incógnitos, anomimous ou imperceptíveis.
Mas quero mais. Merecemos mais. Vá lá…
Sunday, November 05, 2006
filosofia
Volto a um post que fiz há tempos sobre declarações de Disidério Murcho em que reflectia sobre o facto de em Portugal termos uma atitude muito pouco filosófica demonstrada pela nossa incapacidade crítica. É realmente preocupante perceber este caminho que nos leva à absorção acrítica do tempo e da vida como se não houvesse qualquer outro lado desconhecido para conhecer, qualquer outra pergunta para fazer.
Saturday, November 04, 2006
recursos humanos
Embora adira às novas teorias do sucesso das organizações, nas quais a adesão emocional aos seus objectivos, é fundamental para o seu sucesso, alguma força interior me diz, que isto é mais do mesmo: querem conquistar-nos pelo coração para produzirmos mais, para sermos mais eficientes e eficazes. Sinto-me enganada quando trabalho muito e depois ainda digo que gosto de trabalhar.
Porque eu gosto mais de me divertir. Divirto-me a pensar, divirto-me a conversar, divirto-me a ouvir música, divirto-me a ver um bom filme, divirto-me muito a ler… mesmo quando choro. Aprecio o que me faz chorar sem ser por mim. Chorar por sentir a dor e injustiça dos outros ainda que ficcionados. Desculpem a insistência em Durrell, mas, apesar das más traduções, das incompreensões, ele tem-me levado de mim para o mundo e do mundo para mim, num constante prazer de o ler, sem medo de me ler.
Wednesday, November 01, 2006
o lado oposto
“ (…) O facto de ter sido este o nosso último encontro confere-lhe uma importância que de outro modo não o teria. Não que, no que diz respeito a este livro, tenha deixado de existir; simplesmente, colocou-se no lado oposto do espelho, naquele lado que não reflecte a imagem – deixando-nos entregues às nossas doenças, às nossas baixezas, ainda operantes para o mal e para o bem no mundo real – e que é a memória dos nossos amigos. E, portanto, a presença da morte renova sempre as experiências, a sua função: ajudar-nos a meditar sobre essa coisa estranha que se chama o Tempo. Neste momento, contudo, estávamos colocados em pontos equidistantes da morte – ou pelo menos assim julgo. É possível que uma tranquila decisão, tivesse já começado a tomar forma dentro dele, mas não posso afirmá-lo. Não há mistério no facto de um artista querer por termo a uma vida que se esgotou (uma personagem no último volume exclama: “Durante anos esforçamo-nos por aceitar a ideia de que as outras pessoas não se importam absolutamente nada connosco; depois, certo dia descobrimos que é o próprio Deus que não se interessa por nós; e, o que é pior, descobrimos que lhe é totalmente indiferente que sejamos uma coisa ou outra:bons ou maus"). (…)”.
Durrell, Lawrence; Justine; Ulisseia; 3ª Edição - Abril de 1986; pág. 133/134