Wednesday, November 22, 2006

o desenho

Gerir o correio. Gerir o blog. O tempo é curto, mas ainda dá para apreciar uns bonitos desenhos e pensar: há quatro anos isto não pareceria possível. Na realidade bloqueamos os nossos meios expressivos, não desenvolvemos as nossas capacidades e perdemos o modo de nos transcendermos. O desenho é disso o exemplo mais claro. Os nossos programas escolares não ajudam a vencer as barreiras que nós próprios criamos quando o nosso modo de representação da realidade já não nos satisfaz. Até aos 8, 9 anos o desajuste entre o que representarmos e o que quereríamos representar não nos assusta. O desenho está bem, deixa a criança em paz. Depois a consciência da incapacidade dos meios e modos de representação face à nossa vontade limita e bloqueia. O salto acontece quando o domínio da técnica acompanha a expressão e tudo é possível. Muito trabalho, muita concentração, muita perseverança.
Agora o desafio é romper a representação para deixar sobrevir a alma, quero ver… .Porque agora sei que este é o caminho certo para, a partir de dentro, perceber o que está fora e oferecer ao mundo um belo pedaço de outra “realidade”.

2 comments:

joana said...

tenho a sensação que vais para a parede da nossa sala de desenho!!

Anonymous said...

«Precisamos de ser ainda mais simples,
Tão simples que oudessemos entrar Na simplicidade do vento,
Da poalha do sol,
Da roupa estendida a arquejar ao vento.
Não há desespero no mundo,
Nem esperança.
Há apenas a simplicidade do vento,
Do sol,
Da roupa,
Da corda;
Há apenas a água,
O calhau,
A simples necessidade de arder e de morrer.
Seria necessário poder entrar sem estremecer Nas coisas
como as coisas
Entram nas coisas.
Porquê este frenesim no nosso coração?
Porquê este eterno enervamento dos nossos nervos?
Dedilhamos as coisas
Como uma chuva em que cada gota
Tivesse medo de se magoar.
Nós somos os pequenos frenéticos do mundo.
Nós não entramos.»

Jean Rousselot