Saturday, November 04, 2006

recursos humanos

Ultrapassar as relações funcionais é difícil. Habituam-nos a isso. Tudo tem um preço, um valor e um retorno, na, cada vez mais presente, sociedade dominada pela economia de mercado. As pessoas também são um recurso – um recurso humano.
Embora adira às novas teorias do sucesso das organizações, nas quais a adesão emocional aos seus objectivos, é fundamental para o seu sucesso, alguma força interior me diz, que isto é mais do mesmo: querem conquistar-nos pelo coração para produzirmos mais, para sermos mais eficientes e eficazes. Sinto-me enganada quando trabalho muito e depois ainda digo que gosto de trabalhar.
Porque eu gosto mais de me divertir. Divirto-me a pensar, divirto-me a conversar, divirto-me a ouvir música, divirto-me a ver um bom filme, divirto-me muito a ler… mesmo quando choro. Aprecio o que me faz chorar sem ser por mim. Chorar por sentir a dor e injustiça dos outros ainda que ficcionados. Desculpem a insistência em Durrell, mas, apesar das más traduções, das incompreensões, ele tem-me levado de mim para o mundo e do mundo para mim, num constante prazer de o ler, sem medo de me ler.

1 comment:

maria said...

Por isso me custa viver este lugar dual, onde um lado e o outro estão afastados, são dolorosamente independentes, embora saiam das mesmas mãos, da mesma boca, da mesma cabeça e sejam o mesmo corpo.