Este é um assunto em que evito pensar porque incomoda. Para além de incomodar porque é triste e assustador, incomoda porque não encontro uma explicação para o que acontece. Ou teremos que nos convencer que há múltiplas razões e por isso múltiplas respostas? E deste modo múltiplas maneiras de nos desresponsabilizarmos.
Fecho os jornais, não vejo os telejornais, mas o fogo bate-me todos os dias à porta, com uma força inolvidável, com um cheiro que me entranha, com um fumo que intoxica e deixa marcas, que anos e anos após, nos tocam de tristeza.
Porquê: são os meios de combate, são os bombeiros, são os pagamentos que se atrasam, são os militares que não participam, são as florestas que estão abandonadas, é a desertificação do mundo rural, é a seca.,…e por certo muitas mais razões.
O que para mim é certo é que a defesa da floresta pressupõe um tipo de trabalho a que nós estamos pouco habituados e que provavelmente não nos interessa.
É um trabalho que:
• tem que se fazer antes de ver os resultados e estes são o não acontecer, tem pouca visibilidade;
• tem que ser global porque a floresta é contínua. Não adianta prevenir-me se o meu vizinho não o faz.
• Não dá resultados imediatos nem garantidos e por isso pode não ser uma boa arma eleitoral;
• Tem uma dose de catástrofe natural que nos desculpabiliza.
• Implica uma mudança de atitude de cada cidadão e provavelmente alterações estruturais no modo de encarar a floresta.E as ditas mudanças estruturais projectadas pelos governos tem que ter uma boa dose de visibilidade ( estilo OTA ou TGV).
É triste perder a nossa paleta interminável de verdes, andar sobre o chão queimado onde não há vida.
Se a floresta é uma das nossas maiores riquezas, tanto no sentido produtivo como de caracterização da paisagem, então, daqui por poucos anos seremos um dos povos mais pobres do mundo.
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