Vi, hoje, três quartos do filme Sylvia, sobre a poetisa Sylvia Plath. Enquanto filme não me tocou especialmente, não achei muito bom, muito menos, genial. No entanto, ajudou-me a perceber quem escreve os poemas mais escuros e camuflados de Ariel. Tinha comprado o livro há uns meses e senti-me tocada pela forma estranha como tratava a própria morte. Como carrega um peso em cada palavra, o peso de não querer viver. Compreendi-a hoje e custa-me dizer que, até, me revi. Não na paranóia, nem na sede de partir, mas na quietude nervosa, nos ataques de fúria e na vontade de superação. Agora, vou repassar os olhos por Ariel e perceberei melhor o sentido de cada palavra. Artista perto do abismo, como a maioria. A Sylvia enterra-me nos dias depressivos e só me permito ser como ela se, algum dia, conseguir escrever um verdadeiro poema.
POPPIES IN JULY
Little poppies, little hell flames,
Do you do no harm?
You flicker. I cannot touch you.
I put my hands among the flames. Nothing burns.
And it exhausts me to watch you
Flickering like that, wrinkly and clear red, like the skin of a mouth.
A mouth just bloodied.
Little bloody skirts!
There are fumes that I cannot touch.
Where are your opiates, your nauseous capsules?
If I could bleed, or sleep! -
If my mouth could marry a hurt like that!
Or your liquors seep to me, in this glass capsule,
Dulling and stilling.
But colourless. Colourless.
2 comments:
Estava indecisa quanto ao modo de comentar. Decidi-me por este, mais pessoal. Porque toda a gente sente também o impulso da morte. Saudavelmente, porque está vivo e se questiona sobre o sentido da existência. Não tão saudavelmente, quando não sente impulso de vida, vontade de vida e mergulha no fragmento e na ausência. Sobre esta questão, a multiplicidade do eu e a fragmentação, escreverei qualquer coisa brevemente. É questão que me povoa.
9:29 AM
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