A Casa e a Música
Regressei à Casa da Música. À sala 1, domingo à noite, 23 horas. Uma outra experiência, interior e para o interior. A Casa não se comportou à altura. Muito grande, luminosa, barulhenta para o tom intimista e necessariamente concentrado, que o concerto exigia. Nós estávamos a isso dispostos. Chegamos com tempo, gozamos a intimidade dos sofás e de conversas várias antes de nos dispormos a subir e a ouvir. A sala estava completa e por isso fui pela primeira vez para o camarote um. As cadeiras – uma luta constante para segurar o assento debaixo do meu corpo. A guarda de acrílico dividia o meu campo de visão em três partes que prejudicava a unidimensionalidade do palco, músicos e ecrã.
Alva Noto + Ryuichy Sakamoto
Não defraudaram as nossas expectativas. Gostei bastante…e fui levada algumas vezes para aquele espaço fora, onde música deixa de ter significado para além dela própria, até que o pensamento é apenas e só som, limite, nota, espaço e aqui também imagem. Fechei os olhos por vezes, porque não percebi a essencialidade do objecto comum, imagem e som, ou porque a imagem me fazia perder o som. Principalmente a última “música” do programa, ainda que prejudicada pela acústica no lugar que ocupávamos, foi sublime pela densidade e incómodo, levados ao limite do prazer…
Não crítico quem não gosta, entendo. Nem acho que gostar deste concerto seja sinónimo de vanguarda ou de qualquer entendimento transcendente e profundo… é apenas uma disponibilidade urbana e nostálgica como tantas outras.
Voltaria hoje, voltarei sempre.
Porque, à parte, Ryuichy Sakamoto sempre me fascinou. Fiquei presa à sua imagem e dela não me quero libertar.
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