Thursday, June 22, 2006

O Príncipe das Trevas

” (...) Gabrieli estava em paz porque era o senhor do seu método. Este é o segredo de toda a felicidade. Porque não conseguia ele sentir o mesmo a respeito de escrever livros? Oakshot detestava os livros em que tudo era cuidadosamente descrito e as conversas estupidamente registadas. Mas de facto era isso que Sutcliffe fazia.
De volta aos canais descobriu subitamente que já não lhe interessava saber se Deus existia ou não – o poente era tão fantástico que lhe tinha apagado quase inteiramente a consciência. A partir daquele espectáculo uma pessoa podia deduzir tudo – a respeito de Deus, queria ele dizer. Tão incrível e meticulosamente planeado e executado. Imagine-se os Venezianos sujeitos a um anoitecer destes todos os dias das suas vidas… Era demasiado. Só um benemérito daltonismo os podia salvar de ficarem loucos ou pelo menos estáticos. (...)”
Monsieur ou o Príncepe das Trevas; Lawrence Durell; Difel; Pág146

2 comments:

Anonymous said...

Do autor só conheço "Um sorriso nos olhos da alma" ... tem duas metades, numa aborda o Taoismo e na outra percorre os locais onde Nietzsche se declarou a Lou Andreas-Salomé.

A ler!


D

maria said...

Também conheço e é para mim um livro de referência, que já li, reli e volto sempre a ler com gosto. De cada vez que o leio encontro nele novos mundos. O que primeiro me chamou atenção foi a conversa sobre o vaso chinês - o que está para além da forma, o que dela imana...