Trabalhei muito, perdi metade dos ficheiros do meu computador, deixei o meu cartão multibanco ser engolido pela máquina e ser remetido para Lisboa, tive dores de cabeça…e fiz muitos sudoku’s.
A questão dos ficheiros é a que mais me preocupa. O trabalho da Cultour, perdi-o todo. A base de dados que construí durante dois anos, a partir das publicações correntes dos jornais sobre obras de arquitectura portuguesa contemporânea, foi ao ar. É irrecuperável porque não a gravei noutro sítio e porque os jornais e revistas, donde retirei os dados, estão em sítios diferentes e muitos não são meus. Terei que começar de novo a partir do quase zero.
Os sudoku’s são, para mim, uma terapia. Quando chego exausta à noite, com a cabeça cheia de pensamentos, tão confusa que nem consigo concentrar-me para ler ou estudar, este exercício abstracto obriga a concentrar-me e ordena-me o pensamento. Por isso, para além de todas as vantagens que lhes atribuem (para combater senilidade, alzeimer, ou qualquer outra doença ou preguiça) são um excelente anti-stress. Números, só números, sequências ordenadas de números obtidos por raciocínios dedutivos, não me deixam margens a quaisquer devaneios filosóficos ou emocionais, que não sejam os da beleza dos símbolos ordenados ou da certeza de vencer simples desafios.
E depois, as matrizes desenhadas a duas cores, ou rabiscadas e corrigidas com o mesmo material, assumem no fim um aspecto tão gráfico ou pictórico, que me apetece encaixilhá-los.