Tuesday, July 18, 2006

Macieira


Gosto de árvores. Quando vim morar para aqui os dois mil e quinhentos metros quadrados de área, que mantemos em comum, estavam semi-despidos. As necessidades de implantação de três casas e a vontade do arquitecto, pouparam três carvalhos americanos, um acer pseudo-plátano e três pinheiros. Destes, um caiu com as intempéries de 2001 e outro foi deitado abaixo por razões de segurança. Eram aparentemente feios. Três pêlos altos espetados no relvado, que para nós davam alma às casas. Ficaram os troncos, onde a Joana inscreveu o nome de Alberto Carneiro, num hapenning de fim-de-semana, destinado a um trabalho escolar. Os troncos servem ainda de baliza aos estafados jogos de futebol dos meninos (e às vezes dos adultos, feitos meninos). As minhas prendas de anos, oferecidas e pedidas ao meu irmão “lavrador”, outro dos habitantes deste paraíso, são árvores e arbustos, entre os quais se conta a dita macieira.
Tem talvez sete anos e dá maçãs bichadas e raiadas de vermelho. Têm que ser colhidas cedo para não ficarem farinhentas. A macieira cresceu e, por mais que me estenda, já não consigo apanhar metade das maçãs. Lembram-me outras macieiras da minha infância que nada têm a ver com as golden, grayam smith ou pink lady que se compram no supermercado. Eram as maçãs de São João de casa dos meus pais, também raiadas de vermelho, as bravo de esmolfe da vinha do avô e as do Costa. O Costa era uma macieira, também da vinha do Avô. Lá em cima, em Lamego, as maçãs eram chamadas de “peros”. Ao fim da tarde íamos de cesto apanhar as que caiam ao chão para cozer para o jantar. Faço o mesmo com as maçãs da minha macieira, cozo-as. Gostamos delas sem açúcar e com canela.

1 comment:

Anonymous said...

Hoje, ao fim da manhã, de facto um facto _ falso, obrigou-me-muito-apressadamente a subir para a haste alta de uma Tília... e lá passei a tarde mudo e pasmado. Antes …pasmado… do que a fazer !!pasmar!!, um lema como outro qualquer.


T