Escrever sem teia.
Assim me apetece, hoje. Como jazz, que ouço. Sem teia, sem tema. Discorrendo nas ideias. É para isto que me serve este blog. Assim o entendam: sem ser diário, o que se me apraz no dia – cheio ou vazio, de trabalho – de trabalho e… daquilo que no trabalho flutua entre… dispersão, concentração. Improviso.
Sou, aquilo que os outros fazem de mim – pelo modo como me interpelam e definem ser. Sou só, solitária, porque muito em interacção (palavra da moda que faço o possível por não usar – moda – faço o possível por não ser moderna, por ser apenas).
Estar aberta, ou carente, sempre à espera de uma outra leitura, de um outro desejo, de uma outra vontade de interferir, de interpelar, de criticar.
Estar à espera, ser terra pronta para sementeira, negra e fértil, húmus repleto de vida, de outras vidas…
Que já fui, que não sei… não lembro, apenas em “déjà vue”s instantâneos ou em momentos de intensa comunicação que me fazem pensar, que antes deste “mim” que conheço outro foi.
Este espaço, depois do jantar, que fiz, e antes do trabalho, que se prolongará, …
Este espaço é bom porque se povoa, coloniza e fertiliza.
Um dia revelarei a palavra passe de entrada neste blog e muita coisa se perceberá…
Assim me apetece, hoje. Como jazz, que ouço. Sem teia, sem tema. Discorrendo nas ideias. É para isto que me serve este blog. Assim o entendam: sem ser diário, o que se me apraz no dia – cheio ou vazio, de trabalho – de trabalho e… daquilo que no trabalho flutua entre… dispersão, concentração. Improviso.
Sou, aquilo que os outros fazem de mim – pelo modo como me interpelam e definem ser. Sou só, solitária, porque muito em interacção (palavra da moda que faço o possível por não usar – moda – faço o possível por não ser moderna, por ser apenas).
Estar aberta, ou carente, sempre à espera de uma outra leitura, de um outro desejo, de uma outra vontade de interferir, de interpelar, de criticar.
Estar à espera, ser terra pronta para sementeira, negra e fértil, húmus repleto de vida, de outras vidas…
Que já fui, que não sei… não lembro, apenas em “déjà vue”s instantâneos ou em momentos de intensa comunicação que me fazem pensar, que antes deste “mim” que conheço outro foi.
Este espaço, depois do jantar, que fiz, e antes do trabalho, que se prolongará, …
Este espaço é bom porque se povoa, coloniza e fertiliza.
Um dia revelarei a palavra passe de entrada neste blog e muita coisa se perceberá…
... e não tenham medo, porque nada do que aqui se diz, viola intimidade, essa, puro conceito cultural, está para mim muito longe deste espaço e tem inevitávelmente e obrigatoriamente uma dimensão de pura liberdade.
... lia ontem uma crónica no Expresso em que ( não me apetece agora procurar o nome) dizia ( não sei se dizia, mas assim fiz minha a ideia), Woddy Allen era um magnífico actor, porque se representa a si próprio...
5 comments:
Admitámos que um navio, ao longo do longo mar, se retarda por causa da espessura azul que o envolve. Que a densidade da luz e da água se incrementam apesar do favor do vento, e que por causa dessa maior magnitude de infinito, aleatória e insólita mas todavia muito nítida, soro do próprio plasma da duração circular das marés oceânicas e atmosféricas, tal navio, ímpar navio, síntese de todos os destinos humanos, está atrasado, num grau que não pudéssemos de todo quantificar, apesar de termos tido conhecimento que dentro dele vem um espelho cujo reflexo nos será entregue. Como sabemos é vulgar os navios que transportam todos os reflexos excepto o nosso aportarem na data prevista, conduzidos pela tripulação que somos sempre. Portanto, somos o destino de toda a semelhança, salvo da nossa, que nunca está completa de parecença. No Líbano, homens e homens desmentem a semelhança que os descreve, por causa do atraso irremediável do navio da consciência.
L
...e, nós?
não nos representamos nós próprios?
mesmo quando o palco é só nosso e a sala está vazia.
L.
Acho que não ... nessa altura seriamos o próprio vazio da sala. E, parece-me, poucas vezes na vida estaremos absolutamente a sós connosco.
L
Sem ler a resposta, julgo não daria a mesma que deste à pergunta " e nós... não nos representamos a nós próprios?"
Embora possa, depois de ler, concordar, julgo que antes de a ler diria " sim, representamo-nos sempre a nós próprios." Que somos para além daquilo que os outros pensam de nós? Existimos de facto? Se existência é vida biológica, então existimos de facto, como uma planta, uma lagarta, ou o Nódoa. Mas se Ser implica mais do que isto, implica elaboração mental, pensamento sobre a identidade, então representamo-nos a nós próprios, quanto mais não seja construindo um personagem em função do outro com quem diálogamos, verbalmente ou simplesmente corporalmente. Representamos papéis mais ou menos convencionais e culturais. Mesmo quando estamos sózinhos numa sala, nunca estamos sós e quando pensamos ou dizemos "eu sou" estamos já a construir ficção sobre nós próprios e a conjecturar sobre possíveis imagens que os outros farão de nós. Esse lugar vazio no qual nos podemos encontrar não existe. Nascemos de uma Mãe, literal e físicamente, possuimos informação genética, sentimos para além de nos emocionarmos e carregamos passados, muitos dos quais não sabemos, por isso nunca somos só, ser individual e puro que não se representa e apenas é. Esse só Deus.
Haverá algum Homem que alguma vez se tenha definido sem conhecer o que dele vai sendo dito?
L
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