Tuesday, April 03, 2007
Arquiturismo
A Cultour este fim de semana esteve em grande no "Fugas" do Público. Arquiturismo. Um novo conceito de turismo, uma nova porta para a arquitectura. Sem melindres, sem complexos, apenas com a consciência do valor que temos e que somos. Sem pedir nada a ninguém, de cabeça levantada, mostramos ao mundo o melhor da arquitectura portuguesa. Seriamente e exigindo o retorno que nos é devido. Cá estamos para ficar.
Sunday, April 01, 2007
dignidade
Do debate que ouço, ainda neste momento em “ Um certo olhar”, uma frase de Jorge Wemens reteve-me a atenção e sugere este comentário. Sobre a falta de dignidade humana, sobre o pouco valor que cada homem dá a si próprio, neste caso comentando a situação desumana a que se sujeitaram os trabalhadores portugueses em Espanha: viviam, sem se questionarem, a troco de cama, tabaco e meninas. Ele dizia que a falta de respeito por eles próprios decorre da falta de devolução social de uma imagem digna. Como se a sociedade fosse um espelho. Como se nós fossemos o espelho que devolve a imagem de grandeza e dignidade aos outros. Assim mesmo. Também assim penso. A auto-estima e a confiança de cada um depende da força e do respeito que a sociedade lhe demonstra. Uma sociedade que se limita a devolver-lhe, como necessidades básicas dormida, tabaco e meninas é uma sociedade visivelmente doente, especialmente podre e desequilibrada.
A “minha” imagem grande de pessoa humana é aquela que “tu” ajudas a construir. Quanto maior e melhor for, melhor serei. E a ela não podem nunca estar alheios valores de respeito pela individualidade, pela liberdade e pela diferença. Valores de democracia e de igualdade de direitos e deveres.
o prazer de ler
O prazer de ler. Peguei no livro de manhã, logo a seguir a acordar e não parei de ler até o acabar. Tive que alterar o plano do dia. Ainda não sei escrever sobre ele, ou talvez nunca consiga escrever sobre ele. Suscita-me silêncio, pensamentos, frases soltas apenas inteligíveis para quem o leu. Suscita reflexão e contraponto. Haruki Murakami, Sputnik meu amor, apenas o posso recomendar, para depois o poder ler nos vossos olhos.
Friday, March 30, 2007
mulheres
Ouvia calmamente António Barreto na Grande Entrevista. É bom ouvi-lo. Retenho a sua reflexão sobre as extraordinárias mudanças sociais das últimas décadas. Retenho a sua reflexão sobre a condição da mulher. Dizia que as mulheres de hoje são também as mulheres de há cinquenta anos. Fazem o que faziam há cinquenta anos e acumulam na sua vida diária as conquistas benéficas que a evolução social lhes trouxe: trabalham em casa e trabalham fora de casa. Tão simples quanto isto. Todos nós o sabemos. Mas nós sofremos. É isto que eu não quero, ser esta super mulher que se realiza no trabalho, nos outros trabalhos e cumpre escrupulosamente os seus deveres de mãe. Felizmente as tarefas que herdei de há cinquenta anos são compensadas por dois filhos maravilhosos e por um pai (deles) que apesar de ser ausente, como os pais de há cinquenta anos, tem a exemplar virtude de ser referência no exercício profissional e no seu trôpego amor por nós. É assim possível desmultiplicar momentos únicos de diálogo interminável, vencido apenas pelo cansaço do corpo.
Esta é uma casa fora do comum. Onde o correcto está muitas vezes ausente, onde a luz não se apaga, onde está sempre alguém. Onde quando toca o alarme todos voltam.
Mas não estou satisfeita e por isso, entre nós, discutimos muitas vezes outras formas de organização social. Delas não está de fora o tal “gineceu”, talvez o post mais polémico deste blog.
Wednesday, March 28, 2007
Vazios
Apetece-me deixar aqui um texto, que alguns já conhecem, e que aparecerá na Trienal de Arquitectura em Lisboa. Um texto sobre o medo do vazio.
"Vazio.
A necessidade de preencher o vazio e a incomodidade perante o vazio, são uma pulsão e um sentimento que sobrevêm depois da pós-modernidade.
Dos quatro projectos que Santo Tirso apresenta nesta Trienal nenhum deles tem como génese a necessidade de preenchimento do vazio. Todos são uma requalificação do espaço que ocupam: dando-lhe uma nova função, recuperando-o para a mesma função, ou enfatizando a sua actual função.
Complexo Desportivo Municipal – Rótula de ligação entre a cidade dos anos setenta e as novas estruturas da década de noventa. Nele o Pavilhão Desportivo Municipal é uma peça maior. O conjunto ficará concluído com a construção de um polidesportivo, campos de ténis e estruturas de apoio.
Habitação a Custos Controlados – Conjunto habitacional construído em terrenos agrícolas abandonados, na periferia da cidade. Qualifica e estrutura o urbano.
Recuperando o “vazio” – Reabilitação do Cine-Teatro, intervenção sobre um edifício degradado mantendo a função. Recupera a memória para um novo conceito de espaço cultural.
Enfatizando o “vazio” – Renaturalização e Requalificação da frente de rio, um percurso no “vazio”, o espaço natural também como espaço urbano.
Saturday, March 24, 2007
Saudades
Friday, March 23, 2007
Thursday, March 22, 2007
o dia
Dia de efemérides e de comemorações. Juntam-se no mesmo dia 21 de Março: dia da árvore (as árvores marcam o meu espaço); dia da poesia (a poesia pauta a minha vida); dia do sono (adoro dormir bem); dia de aniversário de João Sebastião Bach (Bach é cada vez mais a música).
Dia em que a poesia continuou numa conversa a três que não acabou, porque o encontro do homem com Deus, do homem com ele próprio, ou do homem com a natureza, infinitamente benéfica ou infinitamente maléfica, continuará na leitura do pré-sono.
Não tenho medo.
Wednesday, March 21, 2007
mimalhos
Cheguei cedo a casa para planear o dia de amanhã e de depois de amanhã. Dias com programas especiais que exigem sabedoria para coordenar sem deixar de fora prazer e obrigações prazenteiras de mãe. Tudo se compõe nesta casa. Basta ter a chave da porta para entrar. Basta entrar para estar
Tuesday, March 20, 2007
Monday, March 19, 2007
Santo Tirso
O meus vinte graus.
Sunday, March 18, 2007
By this river.
Abri o itunes e pus a tocar a "by this river", do Brian Eno. É uma daquelas canções à qual volto sempre, com uma amargurada doçura. É uma canção de solidão. A primeira vez que a ouvi foi no filme “O quarto do filho” do Nanni Moretti. Comprei o cd. É antigo e nota-se, tirando esta canção que é, todos os dias, mais eterna e mais intemporal. Aliás completamente intemporal.
Pus-me a pensar, hoje, tem quarenta anos, a canção. Quarenta anos é muito, é o dobro da minha idade. Foi composta vinte anos antes de eu nascer, trinta anos antes de eu começar a ouvir musica, trinta e cinco anos antes de eu começar a ouvir música boa. Precede-me. E, se a ouvir como se fosse a primeira vez, não parece que foi composta ontem, ou o ano passado, ou há quarenta anos. Parece, sim, que sempre existiu. Como se fosse anterior ao humano, como se já pairasse nas estrelas. E, desenganem-se os cientistas, as estrelas não têm anos. Sim, a "by this river", é viva desde sempre.
Meus queridos:
Se alguma coisa aprendo com a vida é que ela se deslaça sobre desequilíbrios que tentamos equilibrar.
Qualquer relação profunda é a tentativa de encontrar o equilíbrio, a sintonia absoluta e momentânea. É raro o momento em que dois caminhos se encontram no ponto mais alto do corpo e do espírito. Se mesmo olhando para cada um de nós, é difícil recolher de nós estes momentos de sintonia entre corpo e espírito, consegui-lo com outro(s) será ainda mais raro. Duas linhas quebradas, quatro linhas quebradas e probabilidades matemáticas dão-nos a solução deste problema que é a vida.
Na minha cabeça conceptualizo um desenho que não posso tornar visível. Esse desenho persegue-me e apazigua a minha alma. Dá-me a força para desfiar fios, teias frágeis e luminosas que lanço para trazer o ponto mais alto de outra linha quebrada para junto do meu. Outras vezes olho de baixo para o “teu” ponto mais alto e a custo subo com cuidado pela teia que “me” lanças. E quando são três, ou quatro, ou… no mesmo ponto alto?
(Explicará isto a força das multidões?)
Mas no materialismo em que nos criamos é difícil saber conviver com os desequilíbrios. Perseguimos a segurança das certezas. Ilusão.
Por isso, meus queridos, percebo a dor da insegurança mas também percebo a doce subtileza do caminho e custa-me não puder tornar a vossa vida constante e linear, sempre na haste mais alta da comunhão ( não da melancolia, perdoa-me Eugénio). Paradoxo do sentimento amoroso.
Saturday, March 17, 2007
Ao que me obrigas, Maria
primavera
É impossível ignorar a Primavera! Ela não chega por calendário. Chega pelas árvores ( que estão cheias de tenras folhas verdes) chega pelo sol ( que se concentra na pele para irradiar calor depois) chega pelo céu azul, chega pela memória de outras Primaveras ( retalhos, quadros, cenários vividos), chega pela fantasia…
Chega pela melancolia, a tristeza mais alegre, mais doce… Ouvia hoje que os portugueses são como os russos, são tristes. Por isso gosto da música dos russos, Prokofiev, Shostacovich, Tchaikovsky, Stravinsky,… ou mais recentemente Arvo Pärt, que não sendo russo vem de lá perto.
Hoje a casa não tem música, apenas o ruído… das máquinas, dos bichos, dos passos, dos teclados… não caibo nesta casa, como não caibo dentro de mim. Mas também não quero conversar, nem ouvir, quero apenas estar, porque “naufragar é doce neste mar.”
Thursday, March 15, 2007
Wish you were here.

A Manchester Gallery tem uma zona didáctica, para os mais pequenos. Tem várias brincadeiras para as crianças perceberem as peças do museu e a arte. Quase tudo em Manchester é feito para pequenos e graúdos. Há, na Manchester Gallery, um projecto na zona das crianças, que adoro. Chama-se “Wish you were here”. Tem muitas malas antigas e umas etiquetas para escrever uma mensagem. Tem duas minhas e muitas, muitas de outros.
Cavalinho
O cavalinho voava no ar
às três da tarde no monte do xisto.
Ninguém mais fixou o cavalinho no ar
quando às três da tarde
ele dançava lento no azul grego do céu.
Pégaso ou cavalinho de pau?
A infância dos sixty ou
a eterna ternura da antiguidade clássica?
Mas o cavalinho
(apesar de ser apenas um balão perdido
por uma criança qualquer)
tirou-me de mim e levou-me à grécia
hoje - lá
onde também se perdem cavalos
num domingo à tarde.
Rapazes
Gosto de rapazes. Gosto da conversa dos rapazes. Para mim é um divertimento ir buscar três, quatro ou cinco rapazes ao treino de basquete. São divertidos e leves nas conversas. Riem-se, dão gargalhadas, provocam-se e eu com eles. Também dou gargalhadas.
O meu rapaz provoca-me “ Isso são conversas de mulheres! Gostam de ser sempre as rainhas do mundo. E depois não ligam a ninguém!” Respondo “ Eu não sou assim:” “ Ai não! Claro que és.” E pronto, fico a pensar…é certo que nós gostamos de segurança. O risco é sempre calculado…ou então desculpado. Quando tomamos a iniciativa, medimos antes muito bem, as probabilidades do não. E se apesar de o medirmos ele nos surpreende, encontramos sempre uma fantasiosa razão, para interpretarmos positivamente esse não. Há sempre uma razão, uma desculpa para o nosso “fracasso”, porque para nós, é disso que se trata. Seremos sempre rainhas ainda que só na nossa efabulação.
Com a idade cada vez gosto mais de homens.
Tenho saudades da minha companheira.
Sunday, March 11, 2007
Cartas de Iwo Jima
de Clint Eastwood
Discutimos e não concordamos ou então não soubemos explicar-nos. A causa foi a atitude do Barão de Nishi, que manda os seus homens juntarem-se aos sobreviventes do outro lado da ilha e fica na gruta do Monte Suribachi ferido de morte para se suicidar. A questão que nos pôs em discórdia resulta do facto de ele dar o tiro de morte ainda quando era audível para os seus homens.
Se para os japoneses é uma questão de honra morrer pelas próprias mãos, sendo o acto do suicídio a última e eterna libertação, para mim o momento que ele escolheu para o fazer chocou, ou no mínimo perturbou, os homens que, sabendo que só lhes restava a morte, tiveram que continuar a lutar até ao fim. Na opinião deles a expressão no rosto dos soldados foi de dor pela morte do general.
A visão que o filme nos dá, para além de ser evidentemente uma perspectiva nova sobre o que se passou, a perspectiva japonesa, não deixa de ser uma visão ocidental e americana. As personagens chave do filme, o general Kuribayashi e Nishi, têm fortes ligações ao mundo ocidental e são recriadas no dilema entre o patriotismo heróico e a sua condição de homens. O general redime-se deste dilema, quando salva pela terceira vez Saigo, devolvendo-o pela rendição à família, que também podia ser a dele. Os sentimentos humanos são aqui mais fortes do que o suicídio consentido ou imposto. Kuribayashi suicida-se, pede a Saigo que o enterre para que ninguém encontre o seu corpo, o que aconteceu na realidade e liberta-o da honra patriota para a dimensão humana.
Discordamos ainda noutro ponto: para eles, Kuribayashi não quer ser encontrado porque acha que fracassou, para mim porque para além disso, a morte pelas suas mãos é a suprema redenção. Gostei.
Saturday, March 10, 2007
impressões de mãe
O sol aquece-me a pele.
A diferença de idades entre os meus dois filhos mostra-se providencial. A minha companheira está longe no espaço mas fiquei com um companheiro. Hoje de manhã disse-me “Vamos à praia!” Sugestão imprevista que aceitei. Afinal que diferença faz entre Julho e Março se está sol? Ir, deixar que a vida corra…ouvir quando há que ouvir, falar quando mesmo não há nada “especial” para dizer.
A casa está desarrumada de vida. Haverá um bolo simples para fazer, um grande “queque” como ele gosta. Faço-o com gosto, porque sei que nos agarra uns aos outros, é presença e será sempre memória de uma qualidade de ser mãe.
Friday, March 09, 2007
upgrade
O que eu gostava de ser era empresária, ou antes, mentora de empresas. Nas minhas divagações surgem-me muitas ideias para novas empresas. Até gostava de ter uma empresa de ideias para novas empresas. Será este o meu próximo upgrade?
A última, que surgiu juntando alguns dados, é uma empresa direccionada para a terceira idade. Porque sei que:
- Cada vez há mais idosos;
- Nós “os de meia idade” debatemo-nos com o apoio amante aos pais e com vidas profissionais em pleno;
- Os idosos não gostam de deixar as suas casas, as suas coisas;
- Os sistemas de informação são essenciais, quando bem aplicados, para melhorar a qualidade de vida;
- As domóticas e as robóticas permitem o controlo remoto.
Então construir uma empresa de apoio aos idosos, ou a quem vive sozinho, à distância, uma empresa que vele pela sua segurança e lhes faça companhia sem interferir e sem ferir as suas individualidades, é a ideia.
Esta empresa permitiria lembrar a tomada de um medicamento, acorrer em situações de doença súbita, de queda, de depressão, de necessidade de um serviço urgente, de entrar em contacto com uma pessoa, etc.
Pode incorporar ainda pessoal para assistência domiciliária comum ou associar-se a outras que o façam.
Wednesday, March 07, 2007
memórias
menos, cada vez menos, vejo televisão.
premonições
Do livro:
Coisas de Partir
Tento empurrar-te de cima do poema
para não o estragar na emoção de ti:
olhos semi-cerrados, em precauções de tempo
a sonhá-lo de longe, todo livre sem ti.
Dele ausento os teus olhos, sorriso, boca, olhar:
tudo coisas de ti, mas coisas de partir...
E o meu alarme nasce: e se morreste aí,
no meio de chão sem texto que é ausente de ti?
E se já não respiras?Se eu não te vejo mais
por te querer empurrar, lírica de emoção?
E o meu pânico cresce: se tu não estiveres lá?
E se tu não estiveres onde o poema está?
Faço eroticamente respiração contigo:
primeiro um advérbio, depois um adjectivo,
depois um verso todo em emoção e juras.
E termino contigo em cima do poema,
presente indicativo, artigos às escuras.
Ana Luísa Amaral; Poesia Reunida 1990/2005; edições quasi
ten days of perfect tunes

DOWNLOAD AQUI
Tuesday, March 06, 2007
novos mimos
É muito importante expressá-lo, para que os outros perssintam o gesto e para que a dádiva nos fortifique. Como digo muitas vezes ( pensando nos meus filhos e não só) só quem é bem amado é bom. Com muito amor, muito carinho, somos melhores, superamo-nos.
Monday, March 05, 2007
miss u
Saturday, March 03, 2007
às vezes outra voz
( quando te sei ausente)
e quando estás presente
( também te sei ausente)
distante, não indiferente.
Moldo o vazio com a luz da perda:
assim encontro a minha medida.
Tão só, tão louca, às vezes perdida.
Caminho no areal da música em tempos
medidos pelo relógio do sentimento
que ela me sugere ou activa.
Tão só, tão frágil, às vezes perdida.
O mote é ausência presente
numa casa de memórias únicas.
Viver não só nem somente:
Tão plena, tão forte, sempre diferente.
Março, o mês da Primavera
março
Friday, March 02, 2007
slogans
“Vida sã e luta dura” é um deles. A minha adolescência caminhou a par com a revolução de Abril. Fui educada nas “escolas” da esquerda e assumi muitos princípios como princípios de vida. Com o tempo aprendi a ser mais tolerante comigo: a fazer concessões à vida sã ( as noitadas, alguns cigarros, o prazer de um bom copo, de um bom cozido…) e à luta dura ( algumas concessões ao dever pelo prazer). Quem me conhece dirá: tretas! Mas não é assim. Simplesmente as concessões são quase sempre derrapagens controladas. Quando não o são, a minha vida anda às cambalhotas! Não se dão conta disso, pois não? Sou uma boa “actriz”, excepto para aquela meia dúzia de eleitos a quem abro a minha alma. Felizmente tenho o privilégio de ter alguns amigos que me aturam.
Tudo isto para dizer que esta semana li no meu signo que deveria ter cuidado. Defendi-me. Dormi mais do que o costume, esqueci-me de algumas tarefas, conversei muito, fui menos vezes ao ginásio e à piscina e…
Hoje estou leve. Corpo? Não tenho, as minhas pernas não existem. A cabeça paira entre a terra e o céu porque tudo está em ordem.
Fui compensada por ti, e por ti também!
Wednesday, February 28, 2007
Menina 2
Tuesday, February 27, 2007
A Poesia está na Rua
A Poesia está na Rua, esteve dentro da biblioteca literalmente e não só… fizeram-se poemas vivos.
Deixo o link da Câmara para procurarem notícias vale a pena! www.cm-stirso.pt.
Monday, February 26, 2007
Sunday, February 25, 2007
assim
Vamos comunicar passando pelo mundo...(dos blogs). Aqui estamos as duas expostas. Isso não nos preocupa. Zangaste-te? Provavelmento com razão. Nós cá do outro lado preparavamo-nos para um daqueles jantares de sábado... em que a mãe ocupa mais do seu tempo na cozinha para receber "bem" as visitas. Estiveste cá. Nos "links", na recordação das tuas mãos doces, dos teus desenhos, das tuas fotografias... Joana na Ilha em Portugal também...na Várzea, ou no Xisto.
Portugal chega a Salford no arroz de couves e na carne estufada que aprendeste a fazer e que te fazem sentir em casa. Somos assim. Assim, assim, assim, assim...
A viagem já está marcada e em Abril o Xisto vai chegar a Salford!
Caderno

Acho que é a primeira vez que acabo um caderno. E a primeira vez que não quero acabar. Normalmente desisto lá para metade de meio. Este teve nas minhas mãos desde o fim de Setembro e foi crescendo. As folhas traçadas, os cantos amachucados. Colar, desenhar, escrever e pintar. Relembrar, memorizar. Tudo para guardar. Adeus, companheiro.
Friday, February 23, 2007
assim
Thursday, February 22, 2007
Wednesday, February 21, 2007
Before Recycling

Voltarei a explorar o reuse. E fico feliz. No primeiro ano, quando estudámos o assunto pela primeira vez, era tudo muito no ar, ainda. Estou mortinha por enfiar o nariz nos projectos da Droog. Têm as peças mais bonitas, mais poéticas. Dêem uma espreitadela.
planeamento do território
Mas de um modo informal e empírico este trabalho constituiu, para mim hoje, uma avaliação da minha actividade de vinte anos. Vinte anos é muito tempo na vida de uma pessoa e é muito pouco na vida de um município. Por isso esta reflexão me fez ver quão insignificante sou individualmente. Só construindo um projecto colectivo conseguimos interferir positivamente no curso da nossa história. O planeamento territorial é isso: um projecto colectivo que só faz sentido se pensado no tempo.
Tuesday, February 20, 2007
A Magnólia

A exaltação do mínimo,
e o magnífico relâmpago
do acontecimento mestre
restituem-me a forma
o meu resplendor.
Um diminuto berço me recolhe
onde a palavra se elide
na matéria – na metáfora -
necessária, e leve, a cada um
onde se ecoa e se resvala.
A Magnólia,
o som que se desenvolve nela
quando pronunciada,
é um exilado aroma
perdido na tempestade,
um mínimo ente magnífico
desfolhando relâmpagos
sobre mim.
Luísa Neto Jorge
Poesia, 1960-1889
mimos
"(…) O que há de extraordinário ali é que o mistério é à luz do sol. Na Acrópole ao meio-dia, com o sol a pino, toda a gente fala em voz baixa. Os próprios turistas, tão exuberantes em Itália, ficam transformados.
A Itália também me maravilhou – mas é diferente. Veneza e Florença são mundos construídos pelo homem centrado em si mesmo. Não são mundos religiosos. Na Grécia tudo é construído como religação do homem à natureza. Em Veneza e em Florença a natureza pouco seria sem o que os homens construíram: o que há é cidade. Mas os templos gregos só são compreensíveis situados no mundo que os rodeia. A ligação entre a arquitectura e o ar, a luz, o mar, os promontórios, os espaços é total. E essa ligação é simultaneamente racional e misteriosa, profundamente íntima.
Há também na Grécia uma atmosfera extremamente primitiva, um misto de doçura e de austeridade, de afinamento exacto e de rudeza. E uma identidade entre o físico e o metafísico.
(…)
Será possível que eu lá volte? Assim espero. E de todo o coração desejo que você um dia lá possa ir. Pois o que ali há, além de tudo o mais, é uma intensa felicidade de existir que nos lava todas as feridas."
Correspondência 1959-1978; Sophia de Mello Breyner/Jorge de Sena; Edições Guerra e Paz; pág. 70; 2ª Edição
E de todo o coração desejo que vocês um dia lá possam ir...
Dúvidas
Tive uma reunião com um rapaz, muito mais novo do que eu, que criou uma empresa, para fazer a ligação entre o mercado português e o chinês. Boas ideias e profissionalismo. Pensava... se tivesse menos vinte anos! Mas tenho mais vinte anos e cabe-me induzir, picar, contaminar... porque acredito no futuro. Em ti também, Joana.
Sunday, February 18, 2007
diáspora
Domingo de carnaval, tradicionalmente em Vermoim, é dia de cozido. Na terça-feira de Carnaval é dia de feijoada. Fiz cozido. Fui a casa do meu irmão ele estava a fazer cozido. Telefonei aos meus pais, eles estavam a comer cozido. Vermoim, foi em várias casas e também foi
Diamante de Sangue
Por outro lado a sua inverosimilhança vem do facto de percebermos que é impossível que aquela história acabe bem. Porque ela na realidade não acaba bem. Porque ela continua em África, apesar de a Serra Leoa estar “em paz”. Mas no filme acaba “bem” com a família reunida e recuperada em Londres!
E depois, Djimon Hounsou ( Solomon) é bom, é África: é grande, bonito, imponente, tem um pescoço alto e ombros oblíquos, tem uns olhos expressivos e escuros que transmitem o espanto e a incredibilidade perante o que está acontecer à sua família, perante o que está a acontecer em África.
Gostei muito.
Friday, February 16, 2007
educar
Educar, tarefa difícil. Entender que as pessoas não se constroem apenas na escola. A escola, os conteúdos e o modo como se aprendem, fazem parte dessa construção. Mas as pessoas fazem-se também cá fora, nas conversas, no diálogo com os outros, na aprendizagem do corpo, na vivência dos afectos e neles, nas cambalhotas que dão as relações. Aprender a viver a aceitação e a recusa, saber lidar com esta, sem esconder a cabeça na areia, são momentos essenciais na construção da maturidade. Por isso penso que, mais importante do que tirar muito boas notas, é saber estar, crescer. Há uns tempos o Pedro tinha um teste e como de costume deveríamos rever a matéria que ele já tinha estudado a seguir ao jantar. No entanto, estávamos os dois numa conversa muito interessante e rica. Então eu disse-lhe que mais valia continuar a conversa, mesmo que isso custasse abdicar do tradicional Muito Bom. Assim foi, o Pedro não teve Muito Bom, e nós continuamos a conversar. Teria tido Muito Bom? Provavelmente não, mas mesmo que sim, troco-o bem pela cumplicidade que continuamos a partilhar. Tenho a certeza que as nossas conversas são mais importantes para a construção do homem do que a sabedoria que se transmite na escola, ou que um 5 no fim do período.
Thursday, February 15, 2007
europan 9
As vidas dos outros
Interessante. Perceber a sobriedade do cinema europeu, na boa tradição da sua herança.
O filme fala de pessoas, para além de falar de censura, de intromissão e de política. Ou não fossem, muitas das vezes, as ambições e desejos pessoais que determinam a política. Aqui o individualismo do projecto pessoal sobrepõe-se ao colectivo: para Christa, a actriz, a representação, é a sua forma de realização e está no topo da escala de valores. Esta é a marca da contemporaneidade, que sob a capa de um projecto político colectivo, no caso do ministro, se manifesta do mesmo modo: a sobrevalorização da libido em relação à defesa e inviolabilidade do regime – a investigação começa pela necessidade da consumação do desejo e não por qualquer motivo político.
O investigador, Wiesler, que o realizador evidentemente escolhe para o cruzamento e confronto da dualidade individual/ colectivo ou, se quisermos, particular/público, é a personagem chave nesta trama: ele intervém nestas fracturas e, através de pequenas acções cirúrgicas, quase determina o curso da(s) estória(s). O desenrolar da acção torna-se assim num jogo, no qual, a mudança quase imperceptível de posição de uma peça, condiciona a sua leitura e o seu desfecho. Como cidadão anónimo, ou se quisermos como carta jogada fora do baralho, ele recolhe finalmente, num livro oferecido, a verdade da história que ele próprio manipulou.
Sabe bem ver um filme assim: discreto, bem interpretado, sóbrio e sombrio, tendo por fundo a arquitectura austera de Berlim oriental.
Tuesday, February 13, 2007
As árvores do Porto.

No estrangeiro temos pontadas de saudades. Conheço as árvores de Manchester. Há sempre pássaros a chiar e guinchar nas manhãs, bandos grandes de penas. Mas as árvores molhadas do Porto são as árvores molhadas do Porto. Os passeios frescos das últimas manhãs de Dezembro. Lembro, faltam-me. Isso, a sopa de casa e o peixe. E depois aqui não há aquelas pessoas que... Na distância tudo fica tão preci(o)so. Quando voltar, quando o cheiro a Portugal chegar às minhas narinas, tudo será ainda mais casa.
Monday, February 12, 2007
SIM
Sunday, February 11, 2007
Os estranhos
Guillemots na Manchester Academy
Ontem fui ao primeiro concerto por estas terras. Confesso, é bom estar no centro do mundo, em que todas as bandas das quais gosto tocam. É quase impossível ver tudo o que se quer, tamanha é a oferta. Ontem, eu e Andrea conseguimos bilhetes de última hora para os Guillemots. Os Guillemots são a minha banda sonora de Abril, Maio e Junho do ano passado.
Entrámos sem muitas expectativas, culpa dos bilhetes de última hora. A sala não é bonita, é só uma grande garagem, talvez muito fruto da cultura punk dos anos 80 (Joy Division, yeah!). Aí senti, pela primeira vez nestas coisas, saudades de Portugal. O público porta-se pior que o nosso, também. Falam e berram histericamente quando não devem. Mas os Guillemots são grandes e bons e surpreendem-nos. São muitos e entram na música: a contra-baixista fecha os olhos enquanto sente as cordas, o saxofonista olha para o céu, o vocalista senta-se num cadeira de baloiço. Fazem uma festa. E nós fizemos a festa com eles.
Aqui um pequeno vídeo que fiz, no concerto, à socapa.
Saturday, February 10, 2007
ontem

De manhã política.
De manhã numa casa do final de século, com lindíssimos azulejos e um jardim pontuado por japoneiras soberbas ( foi pena não ter levado a máquina fotográfica).
Em Paredes, na Casa da Cultura. Muito mal recuperada. Um interior desastroso, funcionalmente péssimo.
De tarde política aplicada, ciência e empresas. Público e privado. Muitos técnicos e muitos políticos.
De tarde no Porto, na Alfândega, Museu dos Transportes. Na sala do arquivo, magnífica.
Gostei mais da tarde. Vi amigos de muitos lados, de muitos anos, feitos de muitos modos. No decorrer do percurso escolar, do trabalho, dos movimentos e organizações juvenis, da profissão.
O Norte. O Porto no seu melhor e pior por entre o sol e a chuva do fim de tarde.
Friday, February 09, 2007
hoje
"Clea"; Durell, Lawrence; Difel; pág. 282
Thursday, February 08, 2007
Que vergonha!!
Wednesday, February 07, 2007
Joe Colombo na Manchester Art Gallery

Joe Colombo é um ícone do Design. Não do meu, mas é. Está na Manchester Art Gallery uma exposição retrospectiva de Joe Colombo e fui vê-la hoje. E ainda bem. As peças são mais bonitas ao vivo. E a universale chair é mais bonita quando nos sentamos nela. Um mimo. (Os meus apontamentos e um postal comprado para tentar explicar...)
Tuesday, February 06, 2007
cristais
Quando penso nas relações humanas, esta dança apresenta-se-me no meu imaginário. Sempre em mutação. Sobressai uma virtude ou defeito, uma característica ou amorfismo. Mudam os afectos, reagem as vontades, sobrevêm paixões ou neutralidades.
Paixões que acalmadas pacificam e equalizam os sistemas moleculares, tornando-os estáveis, propícios a uma nova reacção… química. Falamos de química acertadamente, a química do corpo e a da mente. Falamos de contexto, o mesmo será dizer de ambiente, substâncias e reagentes que, considerados em comum, determinam a reacção, a paixão. Dança das moléculas, dança dos corpos em activos pensamentos. Não somos mais que matéria e espaço. Espaço tenso, sujeito a forças atractivas e repulsivas numa aparente e móvel estabilidade.
Olhem-me nos olhos, também eles compostos de ínfimas partículas que se arranjam para devolver sintonias e vontades. Quando olho e não vejo nada, para além da espessa cortina do nevoeiro inter-estrelar, penso que morro no processo de imaterialização desta matéria.
sou uma expert
Friday, February 02, 2007
Janeiro em canções

Download aqui. No canto superior direto têm uma caixa, insiram as letras e números à esquerda e carreguem no botão que diz download, et voilà! Enjoy.
SIM
Duas razões para ser sim:
1- Porque é que em Espanha, sendo a lei idêntica à nossa, é possível praticar o aborto por vontade da mulher até às …. e em Portugal não. Por razões subjectivas que são dadas como válidas subjectivamente e, na subjectividade, a opinião que deveria valer era a da verdadeira interessada. Não me conformo com a ideia de, se eu decidir fazer um aborto em Portugal, ter que sujeitar a minha vontade ao referendo dos médicos ou outros profissionais, que têm o direito de definir se essa decisão põe em causa a minha saúde mental, a minha integridade como pessoa humana, ou não. A decisão é minha ou é de outros exteriores que por mim decidem? Tenho também que referendar o meu corpo e a minha absoluta vontade?
2- É uma razão de saúde pública. É completamente cego dizer que não se pode praticar o aborto, sabendo que se pratica. E desafio qualquer mulher a pensar a situação por dentro, como algo que pode acontecer-lhe. Eu penso: se por ventura hoje engravidasse, usando os métodos anticonceptivos que uso, decidia abortar, com 99% de probabilidades. O 1% deixo para quem, no tal acompanhamento previsto pela lei que vamos decidir no dia 11 tornar possível, me conseguir convencer a não o fazer. Se fosse hoje, recorreria a uma clínica privada, que o faria sem interrogar, em segurança.
Tenho 48 anos, reivindico uma vida sexual activa, o meu direito à realização integral e nunca pratiquei um aborto.
Delicatessen

Ontem lá peguei num dos filmes da biblioteca que tinha trazido. Delicatessen é porco, estranho, nojento e é lindo. A história (as estórias) macabras, duras, suicidas e deliciosas. As cores saturadas. As pessoas saturadas. Há as bolas de sabão do Louison, o sopro no olho da Julie, com as caras muito perto, e a casa de banho com água até ao tecto que partilham, no fim.
Uma surpresa boa, vejam.
Wednesday, January 31, 2007
Cinema

Esqueci-me de vos dizer que o Pandora’s Box é genial. Esqueci-me de dizer que é muito bem filmado, que tem imagens muito bonitas. Esqueci-me de vos dizer que a exibição era com acompanhamento ao vivo, piano. Esqueci-me de dizer que ontem foi dia de Catherine Deneuve e Truffaut, em Le Dernier Métro e que, agora, tenho ali na mochila o La Strada e o Delicatessen. Ai cinema cinema!
Tuesday, January 30, 2007
comunicar
O novo ano dá frutos de muitos modos. As duas promotoras do blog continuam em alta e cheias de novidades e de esperanças.
Gosto muito de falar com a Joana e vê-la com os movimentos lentos e doces diferidos no tempo através da web câmara. Perdemo-nos e, num instante, se passam horas. Na realidade as novas tecnologias são qualquer coisa de inimaginável. Aos poucos os de minha geração são conquistados por elas e rendêm-se às novas formas de comunicação. Mas não pus de lado a forma epistolar e ainda esta semana lhe escreverei uma carta em papel que começará com " Minha querida filha" e terminará " A tua mãe que te adora, Maria". O papel, a caneta, o envelope, o selo, o carimbo, a viagem ... e a recepção são um percurso inestimável e insubstituível - uma outra emoção.
Monday, January 29, 2007
Lençol
Guiding Architects

Terminou o 7º Meeting dos Guidings Architects. Deixo o link http://www.guiding-architects.net
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Sunday, January 28, 2007
Duas exposições


Hoje foi dia de procura, aqui nas Inglaterras. Além de me perder de propósito nas ruas e de me encontrar, de procurar uma determinada loja de cds que queria encontrar, andei no rasto das galerias de arte. Uma encontrei por mero acaso. Outra fui lá dar guiada por mapas e guias. E vi, então, duas expoisções. Nenhuma extraordinária. Medianas, mas com um ou dois detalhes lindíssimos. Na Urbis, uma esposição sobre Hong Kong, com um filme de animação lindo (tenho de lá voltar), na Cornerhouse a instalação com o meninos sem cabeça, mas com muitas cores e muitas sombras. E, amanhã, é dia de Pandora's Box no Cornerhouse. Ai vida boa...
Saturday, January 27, 2007
Thursday, January 25, 2007
meia semana
Para quem gosta de fazer a compensação é suprema. Para quem gosta de parar, de pensar, as dúvidas são muitas. Fica o dilema, mas o pensamento não para e encontra sempre um nicho onde alojar-se: uma viagem até casa, uma ida ao quarto de banho, um a sessão de ginásio ou de piscina, um intervalo para fazer o jantar, o ritual do pré-dormir... os papéis com recados acumulam-se em montes metodicamente sobrepostos no meio da aparente desarrumação. Os papéis que funcionam no momento da escrita como forma de memorização, apenas. Quando a eles regresso descubro com satisfação que as tarefas estão escrupolosamente executadas.
Sobrevivi à partida e quem quiser saber da outra metade pode procurar o senhorerasmus ou simplesmente sobre o nome Joana deste blog fazer um clic.
Sunday, January 21, 2007
esta semana
A mais nova, quando acordar, estará na "ilha".
A mais velha, para além de sobreviver à partida, terá que preparar-se para um fim de semana empresarial e cosmopolita.
O Porto foi escolhido como local de reunião porque a Cultour foi recentemente aceite como representante portuguesa nesta rede internacional, fazendo actualmente parte dela como membro efectivo. A Cultour, que iniciou a sua actividade em 2005, será a anfitriã do encontro, que no seu programa inclui, para além da reunião de trabalho a realizar nas instalações da FAUP, no dia 27, uma visita guiada às obras de arquitectura contemporânea mais emblemáticas da cidade a realizar no dia 28 de Janeiro. A arquitectura contemporânea constitui um dos nichos de mercado mais promissores para o desenvolvimento do turismo cultural em Portugal e a cidade do Porto, enquanto berço da Escola do Porto, um dos destinos mais visitados por turistas estrangeiros.
Este encontro contará com a presença de catorze empresas para além da Cultour que representam onze países, originários de toda a Europa desde o leste, donde se destaca a sua congénere de Moscovo, passando pelo norte, com Oslo, pelo centro com a Alemanha e Aústria, até ao mediterrâneo representado pela Itália, pela Grécia e pela Espanha (Barcelona). Serão cerca de trinta os participantes que durante dois dias irão debater os problemas e as oportunidades com que se debate esta actividade, tentando encontrar soluções conjuntas para ultrapassar as actuais debilidades e projectar a sua actividade no mundo.
Num contexto
Saturday, January 20, 2007
Fiama
Os nossos poetas queridos nunca morrem.
Morrem para nós quando nós morremos.
Das Lágrimas
a criança que eu estava a olhar,
e chora. “ Meu duplo filho,
não temas a imensa labuta
da caçadora de insectos.
Ela estende uma rede, tão frágil
que a podes romper com o menor dedo.
A menos que, antes do gesto, encontres
a beleza do tecido luminoso,
quando a aranha ofende o Sol
roubando-lhe alguns raios,
ou a beleza da água que ela retém,
como diamantes sem preço,
rosácea de lágrimas.” Fiama Hasse Pais Brandão
retirado de www.rtp.pt
Galeria de cheiros
(para completar)
Friday, January 19, 2007
Thursday, January 18, 2007
lençóis
Na casa dos meus pais havia um hábito que ficou submerso e do qual me recordei ao pensar nas malas da Joana. Todas as semanas à sexta-feira mudavam-se os lençóis da cama, mas só se mudava um: o de cima passava para baixo e punha-se um lavado
A Joana tem que levar lençóis para Inglaterra. Por isso me lembrei que pode levar só três e usar o método que usávamos em casa dos pais.
( não consigo pôr a imagem porque é muito pesada)
Tuesday, January 16, 2007
desculpas
Ontem tive problemas de acesso à net e hoje estarei muito ocupada à noite ... alguns sabem porquê e desculpar-me-ão.
Amanhã.
Sunday, January 14, 2007
As bandeiras dos nossos pais - Clint Eastwood
Apenas duas ideias:
- A guerra vista do lado do negócio, como monstro sorvedor de dinheiro, muito dinheiro. A construção do herói a partir de um logro. A utilização do logro e do herói para angariar fundos. As famílias que dão os homens para a morte também dão o dinheiro para os matar.
Mas os homens são bem mais interessantes do que os heróis. Ou melhor, como diz o filme, não há heróis, há homens.
- Pela primeira vez num filme de guerra vi claramente que os homens que a fazem são miúdos. Usualmente os actores consagrados dos outros filmes roubam-nos essa ideia de juventude assustada e perdida que se vê na guerra sem saber como. Neste filme é assim mesmo. Olho aqueles actores e vejo meninos.
Sob ponto de vista da imagem é espectacularmente cinzento e imenso.
E agora esta deliciosa transcrição da entrevista de Clint Eastwood publicada no Expresso da semana passada: “Tenho um amigo que tem mais ou menos a mesma idade que eu e que me disse há dias: “ Sabes qual é a grande vantagem de um gajo já ter passado dos 70?” Eu, naturalmente, fiquei um bocado perdido, porque não me estava a ocorrer nada de positivo. “ O que nos podem fazer se não nos portarmos bem?” Talvez seja isso.”
Saturday, January 13, 2007
Cheeeeese!

Cá em casa recebemos as nossas prendas de anos. Eu e a mãe. Casa conta-mina e casa casa. Agora temos as duas máquinas digitais compactas, para levar para todo o lado, com saltinhos e olhinhos abertos. Uma mais ligeirinha para a maria, uma mais robusta para mim e a esperança de muitas imagens para adornar este blog. De segunda a oito, fotografo em Manchester, amigos!
Friday, January 12, 2007
sentidos
Ouvir, o prazer do som e do silêncio.
A música e o ruído, o ruído música.
Sentir com as mãos, com os dedos,
com o corpo, o calor e a seda.
Cheirar, o cheiro natural, das flores.
Madressilva, canela.
Mais do que ver.
Mais do que degustar – paladar.
Ouvir, sentir e cheirar,
Mais do que o gosto,
Mais do que o ver.
Ou só ver parado e sentir com a língua
O cheiro do tacto.
Thursday, January 11, 2007
índia
A Índia apoderou-se de mim. Sem rumo, sem história, sem objectivo, sem intenção. Apenas como qualquer coisa que se cravou na minha carne e dela passou a fazer parte ( ou já fazia, Calicute, Bombaim…). Alguma coisa que se evidenciou para me fazer sofrer de vontade de lá ir…para já de um modo pouco disciplinado, apenas pela imagem, pela dispersão onírica que ela permite.
…e o mais estranho é que este movimento foi originado pelo insólito de ver Cavaco com uma pinta na testa.
Wednesday, January 10, 2007
Por aqui...
Tuesday, January 09, 2007
Meditações
A certeza de que um dia tudo isto acaba.
A força da vida e o gosto de viver.
Não sei o que reserva o futuro e também sei que não importa preocupar-me com isso. Mas a passagem do tempo assusta. Porque tenho a certeza que depois desta vida nada resta. Resta o que deixo nos outros e no mundo. Depois pergunto: pretensão? Porque esta consciência de que nada somos também é aquela que dita a humildade de nada sermos.
O que procuro? Porque luto? Porque trabalho? Para comer “viver”? Para dar condições de vida aos outros? Para permitir aos meus filhos terem momentos de felicidade?
Assusta-me pensar que há coisas boas que vou deixar de sentir e de fazer? Mas quando deixar de sentir é porque já não me interessa ou porque o relógio biológico entra noutro tempo? Vou perder ou vou ganhar? Vou sentir-me mal, ou sinto-me agora mal, porque penso que me vou sentir mal?
Somos todos iguais no começo e no fim. Quando nascemos e quando morremos. O que nos distingue é o que sentimos e o que fazemos sentir. Abençoados os que são capazes de nos fazer sentir: os que criam um magnífico concerto como o que ouço ( n.º1 para piano de Brahms); os que criam aquele especial espaço sem nome onde tudo bate certo pelo incerto, pelo desconexo; os que criam aquela imagem bidimensional que nos transporta para intemporalidade do presente. Neste reconhecimento o artista sou eu, que me perco e envolvo, que sei reconhecer no instante da solidão suprema a felicidade de ser.
“ Acautela-te, leitor, porque o artista és tu, somos todos nós – a estátua que deve desenvencilhar-se do bruto bloco de granito que a contém e começa a viver.”
Durrell, Lawrence; Clea; Quarteto de Alexandria; Ulisseia
Monday, January 08, 2007
quarto de banho 2

Assim fomos criados, numa mistura entre velho e novo, em que o equilíbrio se compõe com o nosso gosto e o nosso sentido de estética. Uns mais artísticos e sensíveis aos ambientes, outros mais desprendidos, mas todos compostos desta mistura que nos molda. Desenho erudito e desenho tradicional ou empírico. Lavores femininos ou mãos de carpinteiro. Montalbán ou Tio Patinhas.
Todos moramos em casas modernas e todos sabemos o que é passar por uma porta de 2,50 de altura, mais a dita bandeira. Vivemos em casas funcionais mas regressamos sempre aos compartimentos interiores, que obrigam a pedir licença por respeito à individualidade. Também dava direito a umas bulhas quando um de nós entendia que não tinha sido devidamente respeitado.
A primeira metade da minha vida foi passada em outras duas casas fascinantes que recordo, sobretudo uma, com saudade, porque a ela não posso retornar a não ser em sonhos vivos.
Sunday, January 07, 2007
quarto de banho


Tem cerca de
As portas altas, excessivamente verticais, com as bandeiras ocupadas por dois vidros, a luz amarela originária de um ponto suspenso, enquadrado por uma túlipa de vidro, o som dos passos ou da água que ecoa no imenso volume de ar, o lavatório embutido num armário balcão revestido a pastilha branca, também desenho do pai, uma atmosfera única, que faz parte da nossa infância, e que sinto essencialmente presente na constituição da pessoa que sou: não como memória ou memórias, mas com uma qualidade cénica e romântica, um halo de orgulhosa decadência, que me estrutura. Este lugar constitui-me.
Friday, January 05, 2007
Barcelona
De dia um até hoje de manhã estive em Barcelona. Mais nas ruas que nos museus, mais nas pessoas que nas representações. Excelente maneira de começar o ano, abrir os olhos aos pequenos detalhes, às coisas pequenas: as caixas de lata, nos antiquários, as praças com música nos cantos, as escadas nas traseiras da Sé acompanhadas de gelados, colheres que rodam na boca e muitas conversas e as roupas limpas estendidas no acordar da tarde. Barcelona, ó Barcelona!
Thursday, January 04, 2007
fumar
Não tenho fumado. Fumar irrita-me. A cada cigarro penso que não devia fumar. Faço-o, quase sempre, sozinha: a olhar as árvores, o horizonte verde, a soprar o fumo pela frincha da janela, ou debaixo do exaustor da cozinha, para não incomodar os que não fumam. Já sabia que poderia olhar a paisagem sem ter um cigarro na mão. Apenas consciencializando o acto de estar a olhar pela janela. O acto de não pegar num cigarro significa para mim um ganho de tempo calmo. Ao contrário de outros fumadores, para mim, o não fumar é um factor anti stress. Então porque gosto de fumar? Pelo gesto, mais que pelo gosto. Relembro a minha tia brasileira que dizia “ Vício bonito.”… mas sei como os outros fumadores, que não posso dizer “Não fumo” , prefiro dizer “Hoje não fumei”, até me esquecer do gesto de pegar num cigarro…porque também não quero fazer como aquele personagem tirsense, que deixou de fumar há vinte anos e continua a passear de cigarro na boca.
Wednesday, January 03, 2007
laica
Depois de treze anos a fazer-nos companhia a Laica morreu. Esperávamos a morte da Laica. Nem isso impediu que algumas lágrimas nos saltassem dos olhos por não podermos impedir a nossa cadela de sofrer. Vai Laica, vai, deixa-te ir para o outro lado. E ela foi diante dos nossos olhos, lentamente.
O Pedro dizia-me no domingo que o homem é o único animal que não sabe morrer.
Tuesday, January 02, 2007
trabalhos de ano novo
… e com o ano novo decidi iniciar a revolução energética cá em casa.
As máquinas só vão lavar à noite. Darei instruções claras à A. para não as pôr a lavar durante o dia, como ela muito gosta. Depois não me posso esquecer de às dez horas da noite pô-las a lavar, senão ouço raspanete no dia seguinte.
Outra das medidas para economizar água, disse-me ontem o meu irmão, é o meter uma garrafa de 1,5l de água dentro do depósito do autoclismo.
Ora bem. Quando cheguei a casa a seguir ao almoço de ano novo, pelas 17.30horas decidi meter mãos à obra. Primeiro obstáculo: já não me lembrava como desatarraxava a tampa. Lá veio o ajudante e tiramos a tampa. Segundo obstáculo: estava tudo sujo e tive que limpar ferrugens de anos. Depois a tampinha que segura o êmbolo da descarga caiu dentro do depósito e com a pressão da água da descarga desapareceu. Procurar arame para tentar reaver a tampa. Mas, nem arame em condições, nem tampa. Solução: roubar a tampa de outro autoclismo com menos uso que ficará inactivo até eu arranjar outra carapuça. Monta e desmonta, porque a bóia ficou encravada.
Balanço: mais de uma hora dedicada ao controlo do consumo de água; uma tampa perdida; alguns depósitos de água consumidos, mas esperemos que o retorno seja recompensante… para o mundo, já que para mim, por enquanto, só me meti em trabalhos.
Monday, January 01, 2007
Concerto de Ano Novo
A mãe, há pouco, ligou à avó dizendo “mamã, olhe que vai dar o concerto de ano novo na um às 10.30 e na rádio às 10.15.”. Cá em casa, agora, temos uma televisão ligada, sem som, para a imagem, a aparelhagem da sala, com duas colunas, para as notas e o rádio, branco e pequeno, da cozinha, para acompanhar o pequeno almoço. Agora sabe a ano novo. Feliz 2007 aos meus.